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https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/13763| Tipo: | Dissertação |
| Título: | TRAJETÓRIAS DE LUTA: Histórias de Evasão e Superação na Escolarização Trans |
| Autor(es): | JHENIFER RAGNARONI NORONHA ALVES |
| Primeiro orientador: | Mariana Esteves de Oliveira |
| Resumo: | A presente pesquisa tem como objeto de estudo a relação entre a escolarização e a experiência de pessoas trans, tomando como eixo central a compreensão dos fatores que conduzem à evasão escolar e, em contrapartida, daqueles que favorecem a permanência e a superação em contextos educativos marcados pela exclusão. A justificativa encontra-se nas altas taxas de abandono escolar que atingem a população trans no Brasil, revelando a necessidade urgente de refletir sobre práticas pedagógicas, políticas públicas e redes de apoio que assegurem a inclusão. O objetivo geral consistiu em analisar de que modo a escola pode se configurar tanto como espaço de expulsão quanto como espaço de resistência, investigando as trajetórias de estudantes trans que vivenciaram processos de violência institucional, mas que também mobilizaram redes coletivas de apoio, conquistas legais e infraestruturas sociais de permanência como formas de enfrentamento. Como objetivos específicos, busquei compreender as práticas escolares que produzem silenciamento e marginalização, identificar mecanismos de reconhecimento que contribuem para a permanência e propor referenciais conceituais que deem visibilidade a essas experiências. A pesquisa adotou abordagem qualitativa e fundamentou-se no método da História Oral temática, conforme referenciais de Meihy e Holanda, Alberti e Portelli, priorizando entrevistas em profundidade com três participantes: Gabriel, homem trans, branco; Gaby, mulher trans negra; e Paulinha, mulher trans, branca e professora da educação especial. As narrativas foram analisadas em diálogo com autores como Berenice Bento, Judith Butler, Guacira Lopes Louro, Richard Miskolci e Michel Foucault, entre outros, articulando teorias de gênero, sexualidade, interseccionalidade e dispositivos de poder. A análise dos relatos permitiu propor a noção de “infraestruturas morais de permanência”, compreendido como o conjunto de práticas informais de cuidado, solidariedade e apoio que pares constroem nos corredores, banheiros e portões escolares, assegurando proteção e resistência em contextos adversos. Os resultados apontam que a escola, quando estruturada por preconceitos e pela ausência de políticas inclusivas, contribui para a evasão, fabricando trajetórias marcadas por repetência, humilhação e abandono. Contudo, também se identificou que pequenos gestos de reconhecimento, como o uso correto do nome social, o acolhimento de colegas, a escuta ativa de professores e o fortalecimento de redes familiares, desempenham papel decisivo na permanência. Constatou-se ainda que a experiência escolar de pessoas trans não pode ser reduzida a uma narrativa de exclusão, mas deve ser compreendida como campo de disputa simbólica, em que processos de resistência e invenção se sobrepõem à negação. Conclui-se que a escola precisa reconhecer que a presença de pessoas trans não constitui exceção, mas parte legítima da diversidade social, sendo fundamental o investimento em formações docentes, políticas institucionais de acolhimento e currículos que incluam a pluralidade de identidades de gênero. Assim, esta pesquisa evidencia que a escrita e a escuta das vozes trans no espaço acadêmico não são apenas registros, mas gestos políticos que ampliam possibilidades de futuro, ao mesmo tempo em que afirmam a dignidade e a permanência como direitos inalienáveis. |
| Abstract: | This research examines the relationship between schooling and the experiences of trans people, focusing on the factors that lead to school dropout and, conversely, those that support persistence and forms of overcoming within educational contexts marked by exclusion. Grounded in the alarming rates of school abandonment among trans populations in Brazil, the study underscores the urgent need to reflect on pedagogical practices, public policies, and support networks that ensure inclusion. Its general aim was to analyze how schools can function both as spaces of expulsion and as spaces of resistance, by investigating the trajectories of trans students who endured institutional violence but also mobilized collective support networks, legal achievements, and social infrastructures of persistence as strategies of resistance. The specific objectives were to understand school practices that produce silencing and marginalization, to identify mechanisms of recognition that contribute to persistence, and to propose conceptual frameworks that make these experiences visible. The research employed a qualitative approach grounded in thematic Oral History, drawing on Meihy and Holanda, Alberti, and Portelli, and conducted in-depth interviews with three participants: Gabriel, a white trans man; Gaby, a Black trans woman; and Paulinha, a white trans woman and special education teacher. Their narratives were analyzed in dialogue with authors such as Berenice Bento, Judith Butler, Guacira Lopes Louro, Richard Miskolci, and Michel Foucault, articulating theories of gender, sexuality, intersectionality, and dispositifs of power. The analysis led to the formulation of the notion of “moral infrastructures of persistence,” understood as informal practices of care, solidarity, and mutual support constructed by peers in hallways, bathrooms, and school thresholds, ensuring protection and resistance within adverse environments. The findings indicate that schools structured by prejudice and lacking inclusive policies contribute to dropout, producing trajectories marked by repetition, humiliation, and abandonment; yet they also reveal that small acts of recognition—such as the correct use of a student’s social name, peer acceptance, attentive listening by teachers, and strengthened family support networks—play a decisive role in sustaining persistence. The study argues that the school experiences of trans people cannot be reduced to a narrative of exclusion, but must be understood as a symbolic arena in which resistance and invention confront institutional denial. It concludes that the presence of trans students is not an exception but an integral part of social diversity, calling for investments in teacher training, institutional policies of recognition, and curricula that affirm gender plurality. Ultimately, the research demonstrates that writing and listening to trans voices in academic spaces is not merely documentation, but a political act that expands future possibilities while affirming dignity and the right to educational permanence. |
| Palavras-chave: | pessoas trans escolarização exclusão permanência educação inclusiva. |
| País: | Brasil |
| Editor: | Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul |
| Sigla da Instituição: | UFMS |
| Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
| URI: | https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/13763 |
| Data do documento: | 2025 |
| Aparece nas coleções: | Programa de Pós-Graduação em Educação (Câmpus de Três Lagoas) |
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