Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/11029
Tipo: Tese
Título: A atuação das Incubadoras de Tecnologia Social sob a ótica dos Empreendimentos Econômicos Solidários nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
Autor(es): DANIELA DA SILVA CARVALHO
Primeiro orientador: Milton Augusto Pasquotto Mariani
Resumo: Este estudo desenvolve uma leitura crítica e reflexiva dos empreendimentos econômicos solidários como alternativa ao modelo econômico tradicional, com base em um contexto teórico epistemológico que articula as noções de tecnociência solidária, desenvolvimento territorial sustentável e economia popular solidária. Partindo da afirmação de tese de que a tecnociência transcende o âmbito conceitual teórico e quando difundida de maneira solidária, valorizando o território e suas territorialidades, se configura como agente de transformação social e econômica oportunizando o desenvolvimento local, a partir de um modelo de crescimento que é inclusivo e sustentável, a pesquisadora se propôs a investigar como as incubadoras de tecnologia social influenciam na constituição de empreendimentos de Economia Popular Solidária (EPS), por meio da aplicação da tecnociência, considerando a importância de repensar as práticas de desenvolvimento local a partir dos saberes e das necessidades das próprias comunidades. O objetivo geral do estudo foi compreender a atuação das incubadoras de tecnologia social sob a ótica dos Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), analisando as práticas de tecnociência voltadas para o desenvolvimento local, bem como os benefícios e desafios enfrentados pelos empreendimentos envolvidos nessas iniciativas, desdobrado em objetivos específicos, como a) Caracterizar os princípios e valores que orientam a atuação das incubadoras de tecnologia social nos Empreendimentos Econômicos Solidários; b) Relatar as experiências de tecnociência, enfatizando boas práticas e aprendizados relevantes para as comunidades; c) Investigar as necessidades e demandas dos EES dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em relação ao fortalecimento da economia popular e solidária e promoção da inclusão social e econômica; d) Apresentar diretrizes para fortalecer o papel da tecnociência e o desenvolvimento local considerando as especificidades e demandas dos EES e suas territorialidades, buscando estruturar diretrizes que fortaleçam a autonomia, a autogestão e a resiliência dos empreendimentos solidários. Para compreender essas dinâmicas, a metodologia adotada baseia-se na história oral, valorizando as narrativas e os saberes dos participantes. A escolha dessa metodologia foi fundamental para capturar a complexidade das experiências e dos desafios enfrentados por esses empreendimentos, permitindo que as vozes dos participantes orientassem a construção teórica e prática do estudo. A coleta de dados envolveu diálogos, nos quais os participantes relataram suas vivências, percepções e estratégias no contexto dos empreendimentos solidários, destacando as tensões e os dilemas que emergem ao tentar equilibrar as demandas do sistema com os valores da economia solidária. As reflexões sobre os relatos evidenciaram um cenário em que os empreendimentos solidários frequentemente são pressionados a reproduzir práticas das organizações tradicionais, o que limita seu potencial emancipador e reforça a crítica ao sistema capitalista. Ao operar em um ambiente dominado pela lógica do lucro e pela competitividade, muitos desses empreendimentos acabam repetindo modelos que não condizem com os princípios de cooperação e justiça social que fundamentam a economia solidária e na maioria dos casos, orientados e acompanhados por incubadoras sociais que deveriam propor o movimento inverso. Este estudo, então, apresenta uma visão crítica ao modelo tradicional e propõe a elaboração de diretrizes/proposições que incentivem a tecnociência solidária como ferramenta para resgatar a autonomia e a sustentabilidade dos empreendimentos solidários. O quadro de diretrizes construído ao longo da pesquisa é flexível e pode ser adaptado às especificidades de cada território, respondendo às realidades locais e valorizando os saberes comunitários. As proposições incluídas buscam fortalecer as redes de apoio e de colaboração entre os empreendimentos, promovendo uma economia solidária que respeite a diversidade cultural e social dos territórios e que evite a dependência de práticas convencionais. Assim, as diretrizes colaborativas visam não apenas a melhoria das práticas de gestão e produção, mas também a construção de um ambiente que privilegie a solidariedade, o apoio mútuo e a integração dos saberes locais. Ao final, as percepções gerais e contribuições do estudo reforçam a importância de compreender a tecnociência solidária como um movimento transformador, que desafia a hegemonia do capitalismo e propõe um desenvolvimento inclusivo e de longo prazo. Este trabalho representa um passo em direção a um novo modelo de economia, centrado no bem-estar das comunidades e na sustentabilidade dos territórios, buscando integrar uma prática decolonial que respeite e valorize os saberes, as culturas e as vivências de cada comunidade.
Abstract: This study develops a critical and reflective reading of the economic solidary enterprises as an alternative to the traditional economic model, based on an epistemological theoretical context that articulates the notions of solidary techno-science, Sustainable territorial development and solidarity popular economy. Based on the thesis that techno-science transcends the theoretical conceptual scope and when disseminated in a solidarity way, valuing the territory and its territorialities, it is configured as an agent of social and economic transformation providing opportunities for local development, from a growth model that is inclusive and sustainable, the researcher set out to investigate how social technology incubators influence the constitution of Popular Solidarity Economy (PSE) enterprises through the application of techno-science, considering the importance of rethinking local development practices from the knowledge and needs of the communities themselves. The general objective of the study was to understand the performance of social technology incubators from the perspective of Solidary Economic Enterprises (EES), analyzing the techno-science practices aimed at local development, as well as the benefits and challenges faced by the enterprises involved in these initiatives, broken down into specific objectives, such as a) Characterize the principles and values that guide the performance of social technology incubators in Solidary Economic Ventures; ) Report on the experiences of technoscience, emphasizing good practices and relevant learning for communities; c) Investigate the needs and demands of EES in the states of Mato Grosso and Mato Grosso do Sul, in relation to strengthening the popular and solidarity economy and promoting social and economic inclusion; d) Present guidelines to strengthen the role of techno-science and local development considering the specificities and demands of EES and its territorialities, seeking to structure guidelines that strengthen autonomy, the self-management and resilience of solidarity ventures. To understand these dynamics, the methodology adopted is based on oral history, valuing the narratives and knowledge of the participants. The choice of this methodology was fundamental to capture the complexity of the experiences and challenges faced by these enterprises, allowing the voices of participants to guide the theoretical and practical construction of the study. The data collection involved dialogues, in which participants reported their experiences, perceptions and strategies in the context of solidarity enterprises, highlighting the tensions and dilemmas that arise when trying to balance the demands of the system with the values of the solidarity economy. The reflections on the reports showed a scenario in which solidarity enterprises are often pressured to reproduce practices of traditional organizations, which limits their emancipatory potential and reinforces criticism of the capitalist system. Operating in an environment dominated by the logic of profit and competitiveness, many of these enterprises end up repeating models that do not conform to the principles of cooperation and social justice that underlie the solidarity economy and in most cases, guided and accompanied by social incubators that should propose the reverse movement. This study, then, presents a critical view of the traditional model and proposes the elaboration of guidelines/ propositions that encourage technoscience as a tool to rescue the autonomy and sustainability of solidarity enterprises. The framework of guidelines built throughout the research is flexible and can be adapted to the specificities of each territory, responding to local realities and valuing community knowledge. The proposals included seek to strengthen support and collaboration networks between enterprises, promoting a solidarity economy that respects the cultural and social diversity of territories and avoids dependence on conventional practices. Thus, the collaborative guidelines aim not only at improving management and production practices, but also at building an environment that favors solidarity, mutual support and integration of local knowledge. In the end, the general perceptions and contributions of the study reinforce the importance of understanding solidary technoscience as a transformative movement that challenges the hegemony of capitalism and proposes an inclusive and long-term development. This work represents a step towards a new economic model, focused on the well-being of communities and the sustainability of territories, seeking to integrate a decolonial practice that respects and values the knowledge, cultures and experiences of each community.
Palavras-chave: -
País: Brasil
Editor: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sigla da Instituição: UFMS
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/11029
Data do documento: 2024
Aparece nas coleções:Programa de Pós-graduação em Administração

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