Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/3826
Tipo: Dissertação
Título: O que é ser índio sendo surdo? Um olhar transdisciplinar
Autor(es): Mussato, Michelle Sousa
Primeiro orientador: Souza, Claudete Cameschi de
Resumo: Ao lançar um olhar sobre os discursos dos sujeitos surdos de etnia Terena, apresenta-se uma diversidade de representações, construções, deslocamentos e traços identitários atravessados por relações de saber-poder. Dessa forma, nossa hipótese é que esses sujeitos de pesquisa estão à margem da sociedade hegemônica numa dupla exclusão: por serem indígenas e surdos, uma vez que não se encontra uma discursividade que os legitime, que os inscreva como índio surdo. Assim, tendo o discurso como objeto de pesquisa, o objetivo é problematizar o processo de constituição identitária do sujeito surdo indígena por meio de narrativas de si e do outro, pela subjetividade do sujeito em descrever como se vê, como vê o outro (seus pares e o branco) e como acredita que o outro o vê (seus pares e o branco), sendo índio e surdo. Como objetivos específicos buscamos: analisar os modos de dizer nos quais são evocadas as representações do índio surdo sobre si; interpretar os modos de dizer nos quais são evocadas as representações do índio surdos a partir de como ele acredita que o outro o vê na sala de aula e na aldeia onde reside; compreender os modos de dizer nos quais são evocadas as representações do índio surdo acerca da língua de sinais emergente, língua brasileira de sinais, língua portuguesa e língua terena. Desse modo, o indígena surdo é trazido para o centro da nossa investigação por meio de entrevistas gravadas/filmadas em vídeo em língua de sinais, transcritas, na cidade de Miranda, no ano de 2015 e que, devido às regularidades apresentadas, quatorze recortes constituem nosso corpus. Para tanto, valemo-nos das contribuições teóricas da perspectiva discursiva, por entendermos que o discurso se constitui sobre o primado dos interdiscursos, construído, sobretudo, pela presença do o(O)utro, pela heterogeneidade, com auxílio do suporte teórico-metodológico foucaultiano, o arqueogenealógico, que vem suplementar as metodologias teóricas da perspectiva discursiva. O primeiro capítulo volta-se às condições de produção dos discursos, para que, na análise dos dizeres do índio surdo Terena, se possa compreender onde esse sujeito se encontra e como se dá esse entre-lugar que se forja num espaço-tempo simultaneamente real e virtual, caracterizando-se como um limiar, uma fronteira, que une e separa, que abarca e delimita, que abre horizontes e restringe possibilidades. O segundo capítulo tece a base teórica para a sustentação de nossos gestos de interpretação, trazendo uma reflexão mais elaborada a respeito das noções teóricas da Análise do Discurso, dos estudos culturais e também do método arqueogenealógico de Foucault, que nos apoiam na construção do dispositivo de análise em meio a transdisciplinaridade. Por fim, no terceiro capítulo são empreendidos os gestos analíticos divididos em três eixos: Como me vejo?: representação de si; Como acredito que o outro me vê?: representação de si e do outro; Em que universo linguístico me encontro?: representação de língua/linguagem. Dessa forma, foram observadas representações de si, do outro sobre si e da língua/linguagem que não legitimam, que não garantem a inscrição dos sujeitos como sendo índios surdos, pois os traços que constituem a identidade do surdo indígena por meio das (re)construções de sentido acerca da Língua Portuguesa, Libras, Língua Terena e língua de sinais emergentes ressoam vozes que perpetuam a imagem estereotipada do sujeito surdo indígena como sujeito da falta, como corpo deficiente, como aquele que é anormal por ser diferente do branco, sob uma in(ex)clusão.
Abstract: By looking at the discourses of deaf subjects of the Terena ethnicity, a diversity of representations, constructions, displacements and identity traits crossed by knowledge-power relations is presented. Thus, our hypothesis is that these research subjects are on the margins of the hegemonic society in a double exclusion: because they are indigenous and deaf, since there is no discourse that legitimizes them, that inscribes them as deaf Indians. Thus, having discourse as the object of research, the objective is to problematize the process of identity constitution of the indigenous deaf subject through narratives of self and the other, through the subjectivity of the subject in describing how he sees himself, how he sees the other (their peers and the white) and how he believes the other sees him (his peers and the white), being Indian and deaf. As specific objectives we seek: to analyze the ways of saying in which the deaf Indian's representations about themselves are evoked; interpreting the ways of saying in which the representations of the deaf Indian are evoked based on how he believes that the other sees him in the classroom and in the village where he lives; to understand the ways of saying in which the representations of the deaf Indian about emerging sign language, Brazilian sign language, Portuguese and Terena language are evoked. In this way, the deaf indigenous person is brought to the center of our investigation through interviews recorded/filmed on video in sign language, transcribed, in the city of Miranda, in 2015, and that, due to the regularities presented, fourteen clippings constitute our corpus. Therefore, we use the theoretical contributions of the discursive perspective, as we understand that the discourse is based on the primacy of interdiscourses, constructed, above all, by the presence of the other, by heterogeneity, with the help of Foucault's theoretical-methodological support, the archaeogenealogical, which supplements the theoretical methodologies of the discursive perspective. The first chapter turns to the conditions for the production of speeches, so that, in the analysis of the words of the deaf Indian Terena, it is possible to understand where this subject is and how this between-place that is forged in a simultaneously real space-time takes place. and virtual, characterized as a threshold, a border, which unites and separates, which encompasses and delimits, which opens horizons and restricts possibilities. The second chapter weaves the theoretical basis to support our gestures of interpretation, bringing a more elaborate reflection on the theoretical notions of Discourse Analysis, cultural studies and also Foucault's archaeological and genealogical method, which support us in the construction of the device of analysis in the midst of transdisciplinarity. Finally, in the third chapter, analytical gestures are undertaken, divided into three axes: How do I see myself?: representation of oneself; How do I believe the other sees me?: representation of self and the other; In which linguistic universe do I find myself?: language/language representation. Thus, representations of themselves, the other about themselves and the language/language that do not legitimize, that do not guarantee the inscription of subjects as deaf Indians, were observed, as the traits that constitute the identity of the deaf indigenous through (re) constructions of meaning about the Portuguese language, Libras, Terena language and emerging sign language resonate voices that perpetuate the stereotyped image of the indigenous deaf subject as a subject of lack, as a disabled body, as one that is abnormal for being different from white, under a in(ex)clusion.
Palavras-chave: Análise do Discurso
Identidade
Identidade Indígena
Surdez
Análise do Discurso
Subjetividade
Representações Sociais
Língua de Sinais
Arqueogenealogia
Povo Terena
País: Brasil
Editor: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sigla da Instituição: UFMS
Tipo de acesso: Acesso Restrito
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/3826
Data do documento: 2017
Aparece nas coleções:CPTL - Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLetras)
Programa de Pós-graduação em Letras (Campus de Três Lagoas)

Arquivos associados a este item:
Não existem arquivos associados a este item.


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.