Economia solidária no contexto da reforma agrária : uma alternativa de desenvolvimento?

Abstract

O presente trabalho teve como objeto de estudo o trabalho associado em empreendimentos solidários oriundos de reforma agrária. Seu objetivo foi investigar a qualidade do desenvolvimento, no que diz respeito às dimensões econômica, social e humana, que essas iniciativas coletivas de organização da produção têm produzido. Especificamente, analisa as relações e formas de controle de/do trabalho e seus níveis de alienação e; busca identificar os processos de negação da alienação do trabalho, assim como as possibilidades, contradições e limites engendrados pelos processos e tentativas de autogestão desses empreendimentos. No que diz respeito ao campo empírico, este foi constituído pelos microdados consolidados pelo Sistema Nacional de Informação em Economia Solidária (SIES), sistematizados pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), que mapeou 19.708 empreendimentos solidários no Brasil, sendo que desse montante, 10.793 atuam no ambiente rural. Com a mediação dos dados do SIES, como forma de potencializar os resultados obtidos e buscando a maior aproximação com a realidade, foi realizada uma pesquisa com dados primários, obtidos por meio de uma entrevista semiestruturada com a gestora do banco social ITA, estabelecido dentro do assentamento Itamarati – maior assentamento da américa latina –, localizado a 50 Km de Ponta Porã – MS, e aplicado um questionário junto aos três maiores empreendiemntos solidários existentes neste assentamento. A pesquisa empírica revelou que a economia solidária tem capacidade de apresentar-se como ferramenta/mediação capaz de propiciar um desenvolvimento abragente e de qualidade, envolvendo as três dimensões consideradas primordiais, o desenvolvimento econômico, social e humano. Constatamos ainda ser possível basear as relações de mercado sobre um égide distinto do que nos é apresentado pelo sistema hegemônico como sendo o único existente, baseando as negociações em relações solidária e horizontais, modificando as relações de perde/ganha impostas pelo mercado capitalista.

ABSTRACT - The present work had as object of study the associated work in solidary projects coming from agrarian reform. Its objective was to investigate the quality of the development, with respect to the economic, social and human dimensions, that these collective initiatives of organization of the production have produced. Specifically, it analyzes the relations and forms of control of / of the work and its levels of alienation and; Seeks to identify the processes of denial of the alienation of labor, as well as the possibilities, contradictions and limits engendered by the processes and self-management attempts of these enterprises. As regards the empirical field, this was constituted by the microdata consolidated by the National System of Information in Solidarity Economy (SIES), systematized by the National Secretariat for Solidarity Economy (SENAES), which mapped 19,708 joint ventures in Brazil, 10,793 work in the rural environment. With the mediation of the SIES data, as a way of maximizing the results obtained and seeking the closest approximation to reality, a survey was conducted with primary data, obtained through a semi-structured interview with the manager of the ITA social bank, established within the Itamarati settlement - the largest settlement in Latin America - and a questionnaire was applied to the three largest joint ventures in this settlement. Empirical research has shown that its conclusion the solidarity economy has the capacity to present itself as a tool capable of promoting a comprehensive and quality development, involving three dimensions considered as primordial economic, social and human development, proving that it is possible to base market relations on A distinct group that does the same in the hegemonic system as the only one, basing itself on negotiations in solid and horizontal relations, changing as profit and win relations imposed by capitalism.