O trabalho docente e as representações sociais de violência na escola

Abstract

Considerando a importância da compreensão do fenômeno da violência em uma perspectiva mais ampla e suas relações com a escola, esta pesquisa teve como objetivo geral, analisar as representações sociais dos docentes acerca da violência e assim compreender como estes significados que são partilhados norteiam suas práticas cotidianas no contexto da escola. Buscou-se como fundamentação teórica o suporte da teoria Histórico-Cultural para a compreensão da constituição do sujeito e como o conhecimento é apropriado nas relações sociais. Também recorreu-se à Teoria das Representações Sociais para a análise dos elementos que medeiam a interação comunicativa e por sua função elementar de orientação de condutas que regem as práticas sociais. As perspectivas teóricas adotadas permitem tecer considerações sobre pesquisas que têm como foco a dimensão psicológica do ser humano e como os conhecimentos que são produzidos e partilhados sobre a violência na escola orientam as práticas educacionais. Metodologicamente, trata-se de uma investigação de caráter explicativo de análise qualitativa por se pretender identificar e analisar as representações sociais que os docentes possuem sobre a violência no contexto escolar. Os participantes da pesquisa são professores e professoras do ensino básico e pertencentes a três escolas da rede pública de ensino, situadas no município de Campo Grande-MS, vítimas ou não de violência escolar. Como instrumento de coleta dos dados foram utilizadas entrevistas semiestruturadas. O instrumento buscou identificar as concepções e conhecimentos dos sujeitos em relação a violência presente no cotidiano da escola. As entrevistas foram transcritas e posteriormente analisadas por meio da metodologia de análise de conteúdo, proposta por Laurence Bardin. Nos relatos verbais dos entrevistados, foram identificados os temas de maior relevância, bem como as categorias que permitiram a análise das representações sociais sobre a violência na escola. Evidenciou-se que, apesar dos docentes se mostrarem conscientes do processo de precariedade das relações de trabalho, bem como das diversas formas de manifestações da violência, ainda prevalecem as medidas individuais de enfrentamento, enquanto as estratégias coletivas que considerem uma perspectiva histórica e social são pouco enfatizadas. Estas questões necessitam que o/a educador/a seja capaz de lidar com as demandas da realidade contemporânea de forma crítica, bem como da necessidade de políticas públicas e educacionais que contemplem a realidade do cotidiano escolar.

ABSTRACT - Considering the importance of understanding the phenomenon of violence in a broader perspective and its relationship with the school, this study aimed to analyze the social representations of teachers about violence and the implications of these in their educational practices, considering the senses and assigned meanings. It sought as theoretical foundations the support of the Historical-Cultural theory for understanding the constitution of the subject and how knowledge is appropriate in social relations. Also appealed to the Social Representation Theory to analyze the elements that mediate communicative interaction and its elementary function of guidance conduits governing social practices. The theoretical perspectives adopted allow some considerations on research that has focused on the psychological dimension of the human being and how knowledge is produced and shared on violence reverberate in subjectivity of teachers and their practices at school. Methodologically, it is an explanatory character of research qualitative analysis if you want to identify and analyze the social representations that teachers have on violence in the school context. Survey participants are teachers of primary and belonging to three schools in the public school system, located in the municipality of Campo Grande-MS, victims or not of school violence. As data collection instrument Semi-structured interviews were used. The instrument aimed at identifying the views and knowledge of the subjects regarding violence present in the school routine. The interviews were transcribed and then analyzed using content analysis methodology proposed by Laurence Bardin. In the verbal reports of respondents, the most relevant issues were identified, and the categories that allowed an initial analysis of the social representations on school violence. It was evidenced that despite the teachers show themselves aware of the process of precariousness of labor relations, as well as the various forms of manifestations of violence, still prevail the individual measures of coping, while the collective strategies to consider a historical and social perspective are little emphasized. These issues require the teacher to be able to cope with the demands of contemporary reality critically , as well as the need for public and educational policies that address the reality of everyday school life.