Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/12537
Tipo: Tese
Título: Estilos de Pensamento em Avaliação: Perspectivas Decoloniais para o Ensino de Ciências
Autor(es): Maria de Fátima Farias
Primeiro orientador: Maria Ines de Affonseca Jardim
Resumo: Esta tese tem como objetivo compreender o cenário de fragmentação conceitual que marca o campo da avaliação escolar, analisando, a partir da epistemologia fleckiana, de que modo esse referencial pode contribuir para a superação do chamado “caos teórico” e para a proposição de caminhos que dialoguem com os estudos decoloniais, visando à descolonização da avaliação no contexto da educação em ciências. A pesquisa se orienta pela seguinte questão: quais apontamentos podem emergir, a partir de uma análise histórico-cultural do processo de construção do conhecimento sobre avaliação, como contribuição para a descolonização da avaliação no ensino de ciências? Esta tese adota um formato multipaper, estando composta por um conjunto de cinco artigos, que reunidos almejam responder à nossa questão central de pesquisa. A justificativa do estudo reside na ausência de uma abordagem crítica e decolonial nos debates acadêmicos sobre avaliação, especialmente no campo da educação em ciências, onde ainda prevalece uma perspectiva instrumental e tecnicista da avaliação. A tese não se apoia em uma metodologia única, pois cada artigo emprega a estratégia metodológica mais coerente com seus objetivos, devidamente explicitada no próprio texto. A articulação entre os artigos que compõem a tese possibilitou um percurso investigativo que avança progressivamente da problematização do campo à proposição de práticas avaliativas descolonizadas. Adotou-se como referência analítica a epistemologia de Ludwik Fleck, que permitiu mapear os estilos de pensamento (EP) que conformam as diferentes concepções de avaliação ao longo do tempo, relacionando-os aos contextos históricos, sociais e pedagógicos em que emergiram. O estudo também dialoga com o pensamento decolonial latino-americano, que forneceu subsídios para identificar e problematizar os vestígios de colonialidade presentes nas teorias e práticas avaliativas. Os resultados evidenciam que as concepções avaliativas historicamente consolidadas refletem e reproduzem a colonialidade do saber, do ser e do poder, sustentando um ethos avaliativo que silencia epistemes não ocidentais, reforça padrões meritocráticos e mantém estruturas de dominação. A partir dessa análise, propõe-se a construção de uma avaliação decolonial, comprometida com a justiça epistêmica, a valorização da pluralidade de saberes e a ruptura com práticas avaliativas normativas e excludentes. Conclui-se que descolonizar a avaliação no ensino de ciências requer não apenas a revisão dos instrumentos avaliativos, mas uma transformação mais ampla dos currículos, das práticas pedagógicas e dos critérios de validação do conhecimento, reconhecendo outras racionalidades e modos de saber como legítimos no espaço escolar. Como contribuição, este estudo oferece uma organização teórica das concepções avaliativas por meio da epistemologia de Fleck, um olhar crítico sobre os elementos coloniais presentes no campo da avaliação e a proposição de um diálogo entre epistemologia fleckiana e pensamento decolonial para fundamentar práticas avaliativas decoloniais no ensino de ciências. Entre os limites, destaca-se a restrição do trabalho ao campo teórico-reflexivo, sem investigação empírica direta para validar as propostas, bem como a delimitação temática que pode restringir a abrangência dos resultados. Apesar disso, o estudo abre caminhos para futuras pesquisas e práticas transformadoras no campo da avaliação educacional, em especial no ensino de ciências.
Abstract: This thesis aims to understand the scenario of conceptual fragmentation that characterizes the field of school assessment, by analyzing, through the lens of Fleckian epistemology, how this theoretical framework can contribute to overcoming the so-called "theoretical chaos" and to proposing pathways that engage in dialogue with decolonial studies, with the goal of decolonizing assessment in the context of science education. The research is guided by the following question: What insights can emerge from a historical-cultural analysis of the knowledge construction process concerning assessment, as a contribution to the decolonization of assessment in science education? This thesis adopts a multi-paper format, comprising a set of five articles which, collectively, aim to respond to our central research question. The rationale for this study lies in the absence of a critical and decolonial approach within academic debates on assessment, particularly in the field of science education, where an instrumental and technicist perspective of assessment still prevails. The thesis does not rely on a single methodology, as each article employs the methodological strategy most coherent with its specific objectives, duly detailed in the respective texts. The articulation among the articles composing the thesis enabled an investigative trajectory that gradually progresses from problematizing the field to proposing decolonized assessment practices. Ludwik Fleck's epistemology was adopted as the analytical framework, allowing for the mapping of styles of thought that shape the different conceptions of assessment over time, relating them to the historical, social, and pedagogical contexts in which they emerged. The study also engages in dialogue with Latin American decolonial thought, which provided tools to identify and critically examine the traces of coloniality present in assessment theories and practices. The results show that historically consolidated conceptions of assessment reflect and reproduce the coloniality of knowledge, of being, and of power, sustaining an assessment ethos that silences non-Western epistemes, reinforces meritocratic standards, and maintains structures of domination. Based on this analysis, the study proposes the construction of a decolonial assessment approach, committed to epistemic justice, the valuing of epistemological plurality, and the rupture with normative and exclusionary assessment practices. The thesis concludes that decolonizing assessment in science education requires not only a revision of assessment tools, but also a broader transformation of curricula, pedagogical practices, and the criteria for validating knowledge—recognizing other rationalities and ways of knowing as legitimate within the school context. As a contribution, this study offers a theoretical organization of assessment conceptions through Fleck's epistemology, a critical lens on the colonial elements present in the field of assessment, and a proposal for dialogue between Fleckian epistemology and decolonial thought as a foundation for decolonial assessment practices in science education. Among the limitations, the study highlights its restriction to the theoretical-reflective field, without direct empirical investigation to validate the proposals, as well as the thematic delimitation, which may limit the scope of the results. Nevertheless, the study opens up avenues for future research and transformative practices in the field of educational assessment, particularly in science education.
Palavras-chave: Avaliação. Ensino de ciências. Decolonialidade. Epistemologia Fleckiana.
País: Brasil
Editor: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sigla da Instituição: UFMS
Tipo de acesso: Acesso Restrito
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/12537
Data do documento: 2025
Aparece nas coleções:Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências

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