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https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1099
Tipo: | Dissertação |
Título: | Reflexão sobre a identidade nacional em As Naus, de Lobo Antunes |
Autor(es): | Négrier, Anabela Bingre de |
Primeiro orientador: | Santos, Rosana Cristina Zanelatto |
Resumo: | As Naus, de Lobo Antunes, aqui analisada à luz das teorias da carnavalização de Mikail Bakhtin, promove a dessacralização de vultos históricos portugueses. Poetas, navegadores e colonos expulsos da Angola independente, retornam à pátria e são a imagem do declínio do império português.Logo depois da Revolução dos Cravos, milhares de retornados voltam a um país que não é o seu, um Portugal que é um Portugal de ficção. As vítimas da descolonização instalam-se numa pensão sórdida, a “Apóstolo das Índias”. As personagens, heróis da época das descobertas, cujos feitos foram decantados na epopéia Os Lusíadas, de Camões, e em Mensageem, de Fernando Pessoa, são na narrativa sósias paródicos desses heróis nacionais. Traficantes de todo tipo e capazes das piores vilanias, vivem da prostituição organizada das retornadas mulatas e outras atividades escusas. Suas identidades são desfiguradas e estão desterritorializados na Lisboa atual que não reconhecem. Perderam tudo. O homem de nome Luís atravessa a cidade de Lisboa arrastando o caixão do pai a quem não consegue dar um enterro. Vasco da Gama e D. Manoel, contemplam o Tejo e jogam antes de serem presos pela polícia e enviados a um hospício. Dom Sebastiao, o jovem monarca morto em Alcácer Quibir em 1578, é um jovem drogado e irresponsável. Desencantados, olham o mar e esperam a volta de D. Sebastião. Trata-se de um povo diante da impossibilidade de se livrar de seu passado e que ainda espera por um messias vindo do nevoeiro. Ao convocar os vultos históricos, dos quais sobram apenas os nomes, a obra consagra a farsa e o drama do esplendor perdido. Sobreposição temporal e carnavalização são aspectos analisados como elementos que promovem uma reflexão sobre as questões da identidade portuguesa numa realidade pós-colonial e fragmentária da qual os diversos narradores e o estilo barroco dão conta. |
Abstract: | As Naus, de Lobo Antunes retrace l'histoire des rapatriés d'Afrique au lendemain des décolonisations. L’oeuvre se situe sous le signe de la désacralisation, ici analysée selon les téories de la carnavalization de Mikail Bakhtin. Poètes, navigateurs ou colons déchus de l'Angola indépendante, ils apportent, venus de plusieurs siècles, l'image du déclin de l'empire. Des milliers de portugais regagnent un pays qui n'est plus véritablement le leur. Le Portugal evoqué est un Portugal de fiction. Alors que la Révolution des Oeillets se termine à peine, un hôtel sordide, “L’Apôtre des Indes”, accueille toutes les victimes de la decolonization. Les pensionnaires ne sont autres que les héros d’hier, de l’époque mémorable des grandes découvertes, dont les faits d’armes furent chantés par Camões dans l’épopée, Os Luíadas, et en Mensagem, de Fernando Pessoa, ne sont plus que d’infâmes trafiquants en tous genres, capables des pires vilenies, s’adonnant sans restriction au proxénétisme. Ils sont soit des cyniques qui exploitent sans état d’âme soit des névrosés qui attendent en contemplant la mer l’arrivée du roy Sébastien. Ils se perdent, arbitrairement défigurés, dans le Lisbonne d'aujourd'hui qu'ils ne reconnaissent plus. Ils ont tout perdu. Vasco da Gama et le roi Dom Manoel contemplent le Tage, jouent à belote avant d’être arrêtés par la police à la suite d’une virée nocturne au volant d’une voiture déglinguée, dans un état d’ivresse, puis envoyés dans un asile psychiatrique Pour survivre, Dom Sebastiao, le roi caché dont la défaite contre l’Infidèle à Alcazarquivir en 1578 que fit crouler l’Empire portugais, fumeur de haschich en tongues et chemise hawaïenne, vendrait des souvenirs du salazarisme sur les terrasses du vieux port, a eté poignardé au petit matin par un dealer cap-verdien moins compréhensif que les autres. Et l’homme prenomé Luis sillonne l'histoire et la ville sans lâcher le cercueil où pourrit le corps de son père, signe d'un présent toujours en mal de ses racines. Car dans cette civilisation occidentale en pleine déchéance, on espère encore le retour des caravelles. C'est la convocation des héraults de l'histoire des découvertes portugaises pour consacrer la farce et le drame de cette splendeur déchue. Surposition temporale, carnavalization et l’estile baroque aident cette traversée de l'histoire portugaise que nos invite a repenser les questions d’identité. |
Palavras-chave: | Descolonização Portuguesa Exílio Carnavalização Crise de Identidade As Naus António Lobo Antunes Dessacralização Identidade Portuguesa Pós-colonialismo História e Ficção Narrativa Barroca |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
URI: | https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1099 |
Data do documento: | 2005 |
Aparece nas coleções: | CPTL - Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLetras) Programa de Pós-graduação em Letras (Campus de Três Lagoas) |
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