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Tipo: Dissertação
Título: Trabalho, masculinidades e vida em acolhimento institucional para grupos de homens jovens acolhidos
Autor(es): SALVADOR LOUREIRO REBELO JUNIOR
Primeiro orientador: Alberto Mesaque Martins
Resumo: Ainda hoje, o trabalho mantém o seu estatuto de centralidade na formação da sociedade e na constituição dos sujeitos. Contudo, nas últimas décadas, há uma desqualificação dos trabalhadores com a precarização das condições de trabalho, intensificada pelo contexto pandêmico, afetando sobretudo os jovens. O trabalho ainda vem sendo tomado como atributo importante da identidade masculina e, como atividade humana, se torna também eixo na aplicação da medida protetiva de acolhimento institucional. Assim, na perspectiva da Psicologia Social e, pautado na abordagem da pesquisa qualitativa, esse estudo tem como objetivo identificar e analisar as concepções sobre trabalho e masculinidades e as relações entre trabalho, masculinidades e vida em acolhimento institucional para homens jovens acolhidos. Para desenvolvimento da pesquisa foram realizadas entrevistas na modalidade grupo focal, com 11 homens jovens acolhidos em serviços de dois grandes territórios do município de São Paulo. As entrevistas foram analisadas sob a perspectiva da Análise de Conteúdo. Os resultados mostram as concepções do trabalho associadas à ideia de responsabilidade, depositada sobretudo aos homens; permeadas por elementos que marcam o contexto de precarização do trabalho: gestão da própria sobrevivência, meritocracia, informalidade, exposição ao risco, empregos subalternos, em contraponto às expectativas dos jovens quanto ao trabalho formal, protegido e que possibilite mobilidade social. Além disso, o discurso aponta para o trabalho como elemento performático da masculinidade, associado às ideias da divisão sexual do trabalho e denuncia como os corpos dos homens encontram-se emaranhados à lógica produtiva do capitalismo. Já as concepções sobre ser homem correspondem à representação da masculinidade hegemônica, na qual se valorizam atributos como força, agressividade, autoridade e apagamento de quaisquer sinais de feminilidade, indicando uma indissociabilidade entre ser homem e ser trabalhador. Os resultados mostram, ainda, as ambivalências da vida em acolhimento perpassando as experiências do trabalho que, por vezes, possibilita ao jovem a garantia de direito à profissionalização, mas que também gera angústias e incertezas quanto ao futuro profissional; e as experiências de ser homem, dando-lhes a oportunidade de revisar a vida, de voltar a viver com a responsabilidade proporcional, ao mesmo tempo em que vivem os estigmas sociais da vida institucionalizada e atualizam a bruta realidade que vivem, marcada pela pobreza e pela necessidade de “se virar”. Por fim, a pesquisa possibilitou também explorar como corpos trans atravessam a experiência de ser homem e da vida em acolhimento institucional. Os resultados apontam para a necessidade de construção e fortalecimento de programas e políticas públicas que considerem as singularidades dos jovens institucionalizados quanto ao futuro profissional e que rompam com os discursos da meritocracia, considerando os desafios e condições materiais que esses jovens encontram para exercício da sua cidadania.
Abstract: Even today, work maintains its central status in the formation of society and the constitution of subjects. However, in recent decades, there has been a deskilling of workers with precarious working conditions, intensified by the pandemic context, particularly affecting young people. Work is still being seen as an important attribute of male identity and, as a human activity, it also becomes an axis in the application of the protective measure of institutional care. Thus, from the perspective of Social Psychology and, based on the qualitative research approach, this study aims to identify and analyze the conceptions about work and masculinities and the relationships between work, masculinities and life in institutional care for young men in care. To develop the research, focus group interviews were carried out with 11 young men hosted in services in two large territories in the city of São Paulo. The interviews were analyzed from the perspective of Content Analysis. The results show the conceptions of work associated with the idea of responsibility, placed mainly on men; permeated by elements that mark the context of precarious work: management of one's own survival, meritocracy, informality, exposure to risk, menial jobs, in contrast to young people's expectations regarding formal, protected work that enables social mobility. Furthermore, the speech points to work as a performative element of masculinity, associated with the ideas of the sexual division of labor and denounces how men's bodies are entangled with the productive logic of capitalism. The conceptions about being a man correspond to the representation of hegemonic masculinity, in which attributes such as strength, aggressiveness, authority and the erasure of any signs of femininity are valued, indicating an inseparability between being a man and being a worker. The results also show the ambivalences of life in foster care that permeate work experiences that, at times, allow young people to guarantee their right to professionalization, but which also generate anguish and uncertainty regarding their professional future; and the experiences of being a man, giving them the opportunity to review their lives, to return to living with proportional responsibility, at the same time that they live the social stigmas of institutionalized life and update the brutal reality they live, marked by poverty and due to the need to “get by”. Finally, the research also made it possible to explore how trans bodies go through the experience of being a man and life in institutional care. The results point to the need to build and strengthen programs and public policies that consider the singularities of institutionalized young people regarding their professional future and that break with the discourses of meritocracy, considering the challenges and material conditions that these young people encounter in exercising their citizenship.
Palavras-chave: trabalho, masculinidades, abrigo, jovens
País: Brasil
Editor: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sigla da Instituição: UFMS
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/8470
Data do documento: 2024
Aparece nas coleções:Programa de Pós-graduação em Psicologia

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