Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/5395
Tipo: Dissertação
Título: IMPACTO DA CRIPTOCOCOSE NA RECUPERAÇÃO IMUNOLÓGICA EM PACIENTES COM AIDS E IMUNOSSUPRESSÃO GRAVE
Autor(es): ELISÃNGELA FREITAS MENDONÇA
Primeiro orientador: Anamaria Mello Miranda Paniago
Resumo: A criptococose é uma micose sistêmica oportunística com elevada letalidade e que ocorre em condições de imunossupressão, incluindo infecção pelo HIV/aids. A recuperação imunológica obtida com a terapia antirretroviral (TARV) é a forma mais efetiva no controle das infecções oportunísticas na aids. Baseado em observação na prática clínica e considerando que Cryptococcus spp acelera a replicação do HIV in vitro, nós hipotetizamos que a criptococose retarda ou impede a recuperação imunológica de pacientes com aids e imunossupressão grave. O objetivo do estudo foi analisar se há associação entre a presença de criptococose e a recuperação imunológica de pacientes com aids e imunossupressão grave num seguimento de até 5 anos. Os participantes foram selecionados de uma população de 230 pacientes com aids e contagem de CD4+ ≤ 200 células/mm3, que foram submetidos à investigação sistemática de criptococcose. Aqueles que foram acompanhados por mais do que 100 dias foram elegíveis para este estudo de coorte. Assim, o grupo exposto à criptococose foi composto por 21 pacientes e um grupo não exposto foi selecionado aleatoriamente por sorteio e pareado por faixa de células CD4+, na proporção 3 não-exposto para 1 exposto, com 67 participantes. O desfecho recuperação imune foi definido como contagem de CD4+ de 350 células ou mais. As análises estatísticas utilizadas foram o qui-quadrado ou prova exata de Fisher para comparar variáveis categóricas e o teste U de Mann Whitney para variáveis contínuas. Análise multivariada por regressão logística foi usada para avaliar variáveis independentemente associadas à recuperação imunológica. A curva de Kaplan Meier, analisada pelo log rank, foi utilizada para o tempo de recuperação imune. Um valor de p < 0,05 foi considerado significativo e de 0,05 a 0,10 como tendência. Ambos os grupos apresentavam características basais similares, exceto pelo fato de que os expostos à criptococose tinham uma proporção menor de neurotoxoplasmose. Uma tendência de menor taxa de recuperação imunológica foi observada no grupo com criptococose (19,0% vs 38,8%, p= 0,096). Os outros desfechos estudados, tais como razão células CD4+ final/ inicial, diferença entre CD4 final e inicial e tempo para atingir a recuperação imunológica não diferiram entre os grupos. Na análise multivariada foi possível observar que idade menor de 40 anos, carga viral do HIV indetectável no seguimento e maior tempo de acompanhamento foram variáveis independentemente associadas à recuperação imunológica. Pacientes com criptococose apresentaram 3,61 (IC 95% 0,90-14,53; p=0,071) vezes mais chance de falha na recuperação imunológica do que os pacientes sem persistindo a tendência à significância estatística. Os resultados encontrados apontam para a possibilidade da criptococose ser um fator associado a menores taxas de recuperação imunológica na aids e imunossupressão grave, o que poderá ser elucidado com estudos que envolvam um número maior de pacientes.
Abstract: Cryptococcosis is an opportunistic systemic mycosis in AIDS, it has high lethality and occurs in immunosuppressed conditions, including HIV/AIDS. The immune recovery obtained with highly active antiviral therapy (HAART) is the most effective way to control opportunistic infections in AIDS. Based on observation in clinical practice and considering some evidences that Cryptococcus spp accelerates the replication of the HIV in vitro, we hypothesized that cryptococcosis delays or prevents the immune recovery of AIDS patients with severe immunosuppression. The aim of this study was to analyze whether there is an association between the presence of cryptococcosis and the immune recovery of patients with AIDS and severe immunosuppression in a follow-up of up to 5 years. Participants were selected from a population of 230 consecutive AIDS patients with a CD4+ count ≤ 200 cells/mm3 who underwent systematic investigation of cryptococcosis. Those who were followed up for more than 100 days were eligible for this paired cohort study. Thus, the group exposed to cryptococcosis consisted of 21 patients, and an unexposed group was randomly selected and matched by CD4+ cell range, in a ratio of 3 unexposed to 1 exposed, with 67 participants. The immune recovery outcome was defined as a CD4+ count of 350 cells or more. The statistical analyzes used were the chi2 or Fisher's exact test to compare categorical variables and the Mann Whitney U test for continuous variables. Multivariate logistic regression analysis was used to assess variables independently associated with immune recovery. The Kaplan Meier curve, analyzed by Log Rank, was used for immune recovery time. A p value < 0.05 was considered significant and from 0.05 to 0.10 as trend. Both groups had similar baseline characteristics, except that those exposed to cryptococcosis had a lower proportion of neurotoxoplasmosis. A trend towards a lower immune recovery rate was observed in the cryptococcosis group (19.0% vs 38.8%, p=0.096). The other outcomes studied, such as final/initial CD4+ ratio, difference between final and initial CD4+ and time to achieve immune recovery did not differ between groups. In the multivariate analysis, it was possible to observe that age lower than 40 years, undetectable HIV viral load at follow-up and longer follow-up were variables independently associated with immune recovery. Patients with cryptococcosis had 3.61 (95% Confidence Interval 0.90-14.53; p=0.071) folds more chance of failure in immune recovery than patients without cryptococosis, still tending to statistical significance. The results found point to the possibility that cryptococcosis is a factor associated with lower rates of immune recovery in AIDS and severe immunosuppression, which can be elucidated with studies involving a greater number of patients.
Palavras-chave: criptococose, aids, contagem de CD4+, recuperação imunológica
País: Brasil
Editor: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sigla da Instituição: UFMS
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/5395
Data do documento: 2022
Aparece nas coleções:Programa de Pós-graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias

Arquivos associados a este item:
Arquivo TamanhoFormato 
Elisangela Mendonca (atualizada em 26.10) - final.pdf1,33 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.