Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/5171
Tipo: Dissertação
Título: Trabalho da memória em Conhecimento do inferno, de António Lobo Antunes
Autor(es): Gong Li Cheng
Primeiro orientador: Rosana Cristina Zanelatto Santos
Resumo: A proposta deste trabalho é a de ler Conhecimento do inferno (1980), de António Lobo Antunes, como um romance que insiste no inferno como alegoria de uma memória traumática. O narrador, ex-combatente do exército português na guerra contra a independência de Angola, realiza uma viagem de carro do Algarve até Lisboa, marcando o seu retorno das férias para exercer a profissão de psiquiatra. Durante o trajeto, ele rememora obsessivamente a sua experiência na guerra e no hospital psiquiátrico. O horror presenciado na guerra encontra continuidade no hospital, descrito como instituição concentracionária, prolongando assim o seu sofrimento. O inferno começa por ser um lugar concreto: em África, a guerra indesejada; no hospital, o tratamento desumano e obsoleto; mas é, sobretudo, um estado de espírito, pois, deixada a guerra, ele se alastra pelo cotidiano, como rememoração, perturbação mental, delírio, fantasmagoria, tormentos infligidos e sofridos, enfim como culpa. Por isso, quase sempre a organização diegética do romance altera-se e abre-se para histórias paralelas, e o leitor encontra dificuldade em situar-se temporalmente. Com efeito, o romance propõe rememorar o passado pessoal e nacional para realizar um trabalho da memória. A análise é fundamentada pelos estudos da memória e da literatura de testemunho, a partir de autores como Freud, Benjamin, Ricoeur, Márcio Seligmann-Silva, Jeanne Marie Gagnebin, entre outros. Palavras-chave: Lobo Antunes; Conhecimento do inferno; literatura portuguesa contemporânea; literatura e trauma.
Abstract: Le but de ce travail est celui de lire Conhecimento do inferno (1980) d’António Lobo Antunes comme un roman insistant sur l'enfer comme allégorie d’une mémoire traumatique. Le narrateur, ancien participant à la guerre contre l'indépendance de l'Angola, effectue un voyage en voiture de l'Algarve à Lisbonne, marquant son retour de vacances pour exercer le métier de psychiatre. Pendant le voyage, il se remémore la hantise de l’expérience de la guerre et de l’hôpital psychiatrique. L'horreur de la guerre se ressasse à l'hôpital, décrit comme une institution concentrationnaire, prolongeant ainsi ses souffrances. L'enfer commence par être un lieu concret : en Afrique, la guerre non désirée ; à l'hôpital, les traitements inhumains et obsolètes ; mais c'est avant tout un état d'esprit, car à la fin de la guerre, l’enfer se répand dans la vie quotidienne, comme souvenir, trouble mental, délire, fantasmagorie, tourments infligés et tourments subis, bref comme culpabilité. Ainsi, presque toujours l'organisation diégétique du roman change et s'ouvre à des histoires parallèles, et le lecteur a du mal à se situer temporellement. En effet, le roman propose remémorer le passé personnel et national pour réaliser un travail de mémoire. L'analyse est basée sur des études de la mémoire et de la littérature de témoignage, par des auteurs tels que Freud, Benjamin, Ricœur, Márcio Seligmann-Silva, Jeanne Marie Gagnebin, entre autres. Mots-clés : Lobo Antunes ; Conhecimento do inferno ; littérature portugaise contemporaine ; littérature et trauma.
Palavras-chave: Memória
País: Brasil
Editor: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sigla da Instituição: UFMS
Tipo de acesso: Acesso Restrito
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/5171
Data do documento: 2022
Aparece nas coleções:Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagens

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