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https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/5073
Tipo: | Dissertação |
Título: | Fatores associados à saúde mental do homem privado de liberdade no sistema penitenciário federal brasileiro |
Autor(es): | Fonseca, Gleiciane da Silva |
Primeiro orientador: | Arruda, Guilherme Oliveira de |
Resumo: | O Brasil é a terceira nação com maior número absoluto de pessoas privadas de liberdade. Estudos evidenciam taxas de afecções psicológicas mais elevadas no ambiente prisional quando comparadas à população geral, e os fatores são associados à condição de restrição de liberdade, infraestrutura precária e insalubre dos presídios, superlotação e falta de ações para reintegração social. Todavia, esses estudos são frequentemente realizados em presídios estaduais, dos quais o Sistema Penitenciário Federal difere em sua realidade em virtude das celas serem individuais, os ambientes limpos e sem superlotação. Desta forma, o estudo objetivou analisar o perfil sociodemográfico, prisional, criminal, jurídico e clínico em associação com a prevalência de estresse e ansiedade, e níveis de resiliência e autoestima de homens privados de liberdade no Sistema Penitenciário Federal brasileiro. Estudo transversal, de abordagem quantitativa, realizado na Penitenciária Federal de Campo Grande, no período de janeiro e fevereiro de 2021, mediante questionários autoaplicáveis sobre dados sociodemográficos, prisionais, criminais, jurídicos e clínicos, além do Inventário de Sintomas de Estresse para Adultos de Lipp, Inventário da Ansiedade Traço-Estado, Escala de Resiliência e Escala de Autoestima de Rosenberg. Optou-se por abranger todos os homens privados de liberdade que aceitaram participar voluntariamente do estudo. Foi realizada análise descritiva dos dados, medidas de centralidade e dispersão e análise inferencial para detecção de associações estatisticamente significativas (p<0,05). Pesquisa deferida pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob Parecer nº 4.474.856. Participaram do estudo 84% dos homens privados de liberdade (n=122). Foi observada a presença de estresse na maioria dos participantes (64%), bem como níveis altos de ansiedade-traço (44,3%) e de ansiedade-estado (76,2%). A maioria apresentou baixos níveis de resiliência (58,2%) e de autoestima (63,1%). O estresse esteve associado à história de autolesão (p=0,001), doença psiquiátrica (p=0,004) e tempo de prisão inferior a um ano em presídio estadual (p=0,003). Quanto à ansiedade-traço, foram observados menores escores associados ao bom vínculo familiar (p=0,005), faixa etária mais elevada (p=0,029) bons relacionamentos na prisão (p=0,003) e resiliência (p=0,003). Níveis mais altos de ansiedade-estado associados à insônia (p<0,001), vínculo familiar regular/ruim/sem vínculo (p=0,001) e falta de bons relacionamentos (p=0,021). Melhores níveis de resiliência associados à autoestima positiva alta (p<0,001) e ao não uso de psicotrópicos (p=0,023), enquanto os níveis mais baixos associados à ansiedade-traço elevada (p=0,006), falta de visita familiar (p=0,033), falta de prática de religião (p=0,023) e falta de solicitação de atendimento médico (p=0,037). Melhores níveis de autoestima associados à atividade física com tempo superior a uma hora (p=0,006) ou frequência maior de três vezes semanais (p=0,036), e possuir advogado privado (p=0,027), enquanto os níveis baixos de autoestima foram associados à saída rara para o pátio de sol (p<0,001), tempo de pena superior a 50 anos (p=0,029), comorbidade (p=0,006) entre outras. A pesquisa evidenciou resultados relevantes para as práticas de saúde mental à população estudada. Recomendam-se intervenções de promoção à saúde mental no contexto prisional. Os fatores de proteção e de risco identificados poderão subsidiar a atenção à saúde nesses ambientes, influenciar a tomada de decisão de gestores e promover reflexões sobre as políticas públicas. |
Abstract: | The Brazil is the third nation with the highest absolute number of prisoners. Studies show that rates of psychological disorders are higher in the prison environment when compared to the general population, and the factors are associated with restricted freedom, precarious and unhealthy prison infrastructure, overcrowding and lack of actions for social reintegration. However, these studies are often carried out in state prisons, from which the Federal Penitentiary System differs in its reality because the cells are individual, the environments clean and without overcrowding. In this way, the study aimed to analyze the sociodemographic, prison, criminal, legal and clinical profile in association with the prevalence of stress and anxiety, and levels of resilience and self-esteem of men deprived of their liberty in the Brazilian Federal Penitentiary System. Cross-sectional study, with a quantitative approach, carried out at the Federal Penitentiary of Campo Grande, between January and February 2021, using self-administered questionnaires on sociodemographic, prison, criminal, legal and clinical data, in addition to Inventory of Stress Symptoms for Adults, State-Trait Anxiety Inventory, Resilience Scale and Rosenberg’s Self-Esteem Scale. We chose to include all men deprived of their liberty who voluntarily agreed to participate in the study. Descriptive data analysis, centrality and dispersion measures and inferential analysis were performed to detect statistically significant associations (p<0.05). Research approved by the Research Ethics Committee under Opinion number 4,474,856. 84% of men deprived of their liberty participated in the study (n=122). The presence of stress was observed in most participants (64%), as well as high levels of trait anxiety (44.3%) and state anxiety (76.2%). Most had low levels of resilience (58.2%) and self-esteem (63.1%). Stress was associated with a history of self-harm (p=0.001), psychiatric illness (p=0.004) and prison time of less than one year in a state prison (p=0.003). As for trait anxiety, lower scores were observed associated with good family bonding (p=0.005), older age group (p=0.029), good relationships in prison (p=0.003) and resilience (p=0.003). Higher levels of state anxiety associated with insomnia (p<0.001), regular/poor/no family bonding (p=0.001) and lack of good relationships (p=0.021). Better levels of resilience associated with high positive self-esteem (p<0.001) and non-use of psychotropic drugs (p=0.023), while lower levels associated with high trait anxiety (p=0.006), lack of family visits (p= 0.033), lack of religious practice (p=0.023) and lack of request for medical care (p=0.037). Better levels of self-esteem associated with physical activity lasting more than one hour (p=0.006) or more frequently than three times a week (p=0.036), and having a private lawyer (p=0.027), while low levels of self-esteem were associated rare departure to the sunny patio (p<0.001), time in prison for more than 50 years (p=0.029), comorbidity (p=0.006) among others. The research showed relevant results for the mental health practices of the population studied. Interventions to promote mental health in the prison context are recommended. The protection and risk factors identified may support health care in these environments, influence the decision-making of managers and promote reflections on public policies. |
Palavras-chave: | Saúde Mental População Carcerária Sistema Penitenciário Cuidados de Enfermagem Mental Health Prison Population Penitentiary System Nursing Care |
País: | Brasil |
Editor: | Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul |
Sigla da Instituição: | UFMS |
Tipo de acesso: | Acesso Restrito |
URI: | https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/5073 |
Data do documento: | 2022 |
Aparece nas coleções: | Programa de Pós-graduação em Enfermagem |
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