Qualidade de vida e função pulmonar de pacientes com sequela pulmonar de paracoccidioidomicose

Abstract

A paracoccidioidomicose (PCM) é a micose sistêmica mais importante da América do Sul e do Brasil, acomete difusamente os pulmões no seu principal modo de apresentação, a forma crônica. A doença evolui com sequelas pulmonares, especialmente fibrose e enfisema, de caráter irreversível. relacionar a qualidade de vida com a função pulmonar, comprometimento radiológico e carga tabágica de pacientes com sequela pulmonar de paracoccidioidomicose. Foram incluídos 25 pacientes com diagnóstico confirmado de PCM pulmonar, com dois anos ou mais de diagnóstico e inicio de traamento. Eles foram submetidos à radiografia de tórax, questionário do Hospital Saint George sobre Problemas Respiratórios (SGRQ), oximetria, carga tabágica, espirometria, oscilometria, teste de difusão pulmonar e teste de volume pulmonar. Os pacientes eram todos homens, tabagistas ou extabagistas, com média de idade de 56,76 ± 1,44 anos. Em relação à qualidade de vida, os pacientes apresentaram escores significativamente mais elevados do que o limite superior da normalidade (escore=10) em todos os quesitos: frequência e gravidade dos sintomas respiratórios (Sintomas), prejuízo na realização de atividades pelo desconforto respiratório (Atividades) e impacto psicossocial (Impacto). O escore médio da qualidade de vida total (QVT) foi de 50,97±4,63, sendo que os escores próximo de 0 correspondem à boa qualidade de vida e os próximos de 100 a pior qualidade de vida. Quanto à função pulmonar observou-se que 72,0% apresentaram distúrbio ventilatório leve ou moderado à espirometria, 76,0% tinham redução da capacidade de difusão de monóxido de carbono e 84,0% tinham reatância de vias respiratórias periféricas prejudicadas (X5hz). Na correlação entre os valores da espirometria e oscilometria houve correlação linear negativa moderada entre o percentual previsto de resistência de vias aéreas periféricas e proximais (R5 e R20) com o percentual previsto de VEF1/CVF (teste de regressão linear de Pearson, R5: p=0,005, r=0,542, r2 0,294; R20:p=0,045, r=-0,405, r2=0,164). Também houve correlação linear negativa moderada entre o percentual previsto de R20 com o percentual previsto de Capacidade Pulmonar Total (p=0,012, r=0,494, r2=0,244). Finalmente houve correlação moderada positiva entre o escore total de QVT e o percentual previsto de R5 (p=0,031, r=0,432, r2= 0,186). Em súmula, a sequela pulmonar da PCM compromete significativamente a qualidade de vida de seu portador e a oscilometria de impulso, método de fácil e rápida aplicabilidade, mostrou ser uma ferramenta útil na avaliação objetiva do comprometimento pulmonar destes pacientes.