A escrita ou a vida, de Jorge Semprún: entre ditos, não ditos e interditos da memória

Abstract

Este trabalho, intitulado “A escrita ou a vida, de Jorge Semprún: entre ditos, não ditos e interditos da memória”, tem por objetivo refletir as relações existentes entre a memória e o esquecimento dentro da obra A escrita ou a vida, do escritor espanhol Jorge Semprún, tendo como base a reflexão de conceitos como literatura de testemunho, “realidade”, “verdade” e “ficção”, entendendo que a memória é um campo que permite diálogos dos mais diversos, com distintas áreas de saber e com diferentes pensadores. Deste modo, pensar a memória e sua relação com o testemunho e o esquecimento seria apenas uma das opções, levando em conta que o testemunho, de forma geral, transita entre a necessidade de lembrar e o desejo de esquecer os fatos ocorridos, revelando o quão difícil é resgatar e registrar memórias de períodos sobremaneira traumáticos. Temos como hipótese principal demonstrar que a obra literária A escrita ou a vida vai além de classificações estético-literárias como a literatura de testemunho –vertente literária surgida na América Latina a partir de testemunhos dos que viveram sob o domínio de regimes autoritários e/ou ditatoriais, e que logo ganhou espaço em várias partes do mundo, ultrapassando as fronteiras latino-americanas e abrangendo os relatos de outros sobreviventes. Utilizando como processo metodológico o vínculo da obra literária em questão com as teorias relacionadas à memória e ao esquecimento, esta pesquisa também problematiza as particularidades desses conceitos, mostrando o caráter intersticial entre “ficção” e “realidade”, e relevando os ditos, os não ditos e os interditos destes diálogos.

ABSTRACT - Este trabajo, intitulado “A escrita ou a vida, de Jorge Semprún: entre ditos, nãoditos e interditos da memória”, tiene como objetivo reflexionar las relaciones existentes entre la memoria y el olvido dentro de la obra A escrita ou a vida, del escritor español Jorge Semprún, teniendo como base la reflexión de conceptos como literatura de testimonio, “realidad”, “verdad” y “ficción”, entendiendo que la memoria es un campo que permite diálogos diversos, con distintas áreas del saber y con diferentes pensadores. De este modo, pensar la memoria y su relación con el testimonio y el olvido sería solamente una de las opciones, llevando en cuenta que el testimonio, de manera general, está entre la entre la necesidad de recordar y el deseo de olvidar los hechos ocurridos, revelando que es muy difícil rescatar y registrar memorias de períodos sobremanera traumáticos. Tenemos como hipótesis principal demostrar que la obra literaria A escrita ou a vida puede ir más allá de la literatura de testimonio – vertiente literaria que surgió en Latinoamérica a partir de testimonios de los que vivieron bajo el dominio de regímenes autoritarios y/o dictatoriales, y que pronto ganó espacio en muchas partes del mundo, ultrapasando las fronteras latinoamericanas y alcanzando los relatos de otros supervivientes. Utilizando como proceso metodológico el vínculo de la obra literaria mencionada con las teorías relacionadas a la memoria y al olvido, esta investigación problematiza las particularidades de esos conceptos, mostrando el carácter intersticial entre “ficción” y “realidad”, y revelando los dichos, los no dichos y los interdichos de estos diálogos.