Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/13910
Tipo: Trabalho de Conclusão de Curso
Título: O CÉU PARA OS BASTARDOS (2023), DE LILIA GUERRA: um olhar interseccional sobre a literatura afrobrasileira contemporânea
Autor(es): JOAO EZEQUIEL PAIVA SILVA ALVES
Primeiro orientador: MIGUEL RODRIGUES DE SOUSA NETO
Resumo: O presente trabalho de pesquisa, desenvolvido no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da UFMS (PIBIC 2024–2025), buscou analisar a obra O céu para os bastardos (2023), de Lilia Guerra, a partir do diálogo interdisciplinar entre História e Literatura, com ênfase na perspectiva da interseccionalidade. Mulher negra, periférica e escritora paulistana, Guerra elabora uma narrativa marcada por tensões sociais relativas à raça, gênero, classe, geração e territorialidade, evidenciando a experiência de sujeitos historicamente marginalizados. A pesquisa foi desenvolvida em diálogo com o método do historiador, que articula contraste, justaposição e interpretação dialética entre texto e contexto, ampliando essa abordagem a partir das contribuições teóricas de Antônio Candido, Stuart Hall, Gayatri Spivak, Frantz Fanon e bell hooks. Foram realizadas, análise textual da obra O céu para os bastardos, leituras sistemáticas, fichamentos, levantamento documental, revisão bibliográfica ampla sobre interseccionalidade, literatura, literatura periférica, e estudos de gênero. Os resultados revelam que a narrativa de Guerra mobiliza estratégias estéticas que internalizam elementos sociais da periferia urbana contemporânea, expondo mecanismos de opressão estruturados historicamente por sexismo, racismo e desigualdades de classe. As personagens, sobretudo mulheres negras e pobres, encarnam tanto a violência cotidiana quanto formas de resistência e autonomia. Ao representar esses corpos subalternizados e invisibilizados, a obra demonstra como múltiplos marcadores sociais se entrecruzam e constituem experiências específicas de dominação, confirmando a importância analítica da interseccionalidade. Conclui-se, portanto, que a análise da obra de Guerra confirma que a literatura pode atuar como instrumento de denúncia e transformação social. Ao dar visibilidade a sujeitos marginalizados, a autora desafia discursos hegemônicos e propõe novas possibilidades de representação. O estudo reforça a importância de abordagens interseccionais na crítica literária, demonstrando que as opressões não operam isoladamente, mas de forma entrelaçada. A interseccionalidade como ferramenta de análise é vista como uma das formas de enfrentar opressões múltiplas e sobrepostas, constituindo-se, assim, em um instrumento de luta política. Diante disso, a pesquisa contribui para ampliar a compreensão sobre o papel da História e da literatura na construção de narrativas plurais e emancipadoras no Brasil contemporâneo.
Abstract: This research, developed within the scope of the Institutional Program of Scientific Initiation Scholarships at UFMS (PIBIC 2024–2025), analyzes the novel O céu para os bastardos (2023), by Lilia Guerra, through an interdisciplinary dialogue between History and Literature, with emphasis on the perspective of intersectionality. A Black, peripheral, and São Paulo–born writer, Guerra constructs a narrative marked by social tensions related to race, gender, class, generation, and territoriality, highlighting the lived experiences of historically marginalized subjects. The research was developed in dialogue with the historian's method, which articulates contrast, juxtaposition, and dialectical interpretation between text and context, expanding this approach based on the theoretical contributions of Antônio Candido, Stuart Hall, Gayatri Spivak, Frantz Fanon, and bell hooks. The research procedures included textual analysis of O céu para os bastardos, systematic readings, note-taking, documentary investigation, and an extensive bibliographical review on intersectionality, literature, peripheral literature, and gender studies. The results reveal that Guerra’s narrative mobilizes aesthetic strategies that internalize social elements of the contemporary urban periphery, exposing mechanisms of oppression historically structured by sexism, racism, and class inequalities. The characters—especially Black and poor women—embody both everyday violence and forms of resistance and autonomy. By representing these subalternized and silenced bodies, the novel demonstrates how multiple social markers intersect to shape specific experiences of domination, confirming the analytical importance of intersectionality. Thus, the study concludes that Guerra’s work shows how literature can function as an instrument of social denunciation and transformation. By giving visibility to marginalized subjects, the author challenges hegemonic discourses and proposes new possibilities of representation. The research reinforces the relevance of intersectional approaches in literary criticism, demonstrating that systems of oppression do not operate in isolation, but in an intertwined manner. Intersectionality as an analytical tool is seen as one of the ways to confront multiple and overlapping oppressions, thus constituting an instrument of political struggle. In this context, the research contributes to broadening the understanding of the role of History and Literature in the construction of plural and emancipatory narratives in contemporary Brazil.
Palavras-chave: Literatura brasileira
Interseccionalidade
Periferia
Gênero
Raça
Lilia Guerra.
País: 
Editor: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sigla da Instituição: UFMS
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/13910
Data do documento: 2025
Aparece nas coleções:História - Licenciatura (CPAQ)

Arquivos associados a este item:
Arquivo TamanhoFormato 
33948.pdf432,88 kBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.