Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/12581
Tipo: Dissertação
Título: Estrutura das redes frugívoros-plantas e atributos funcionais de espécies vegetais consumidas por vertebrados em áreas urbanas
Autor(es): Carla Damaris da Silva Lacerda
Primeiro orientador: Andrea Cardoso de Araujo
Resumo: A frugivoria envolve o consumo de frutos por animais, que podem atuar como dispersores de sementes ao levar os diásporos para longe da planta-mãe, caracterizando assim uma interação mutualística. A modificação da paisagem em decorrência da urbanização tem efeitos sobre a biodiversidade, de modo que algumas espécies podem desaparecer enquanto outras podem se tornar mais frequentes, com consequências sobre as interações que realizam. A abordagem de redes é frequentemente aplicada para entender a estrutura e o funcionamento das interações em escala de comunidades, bem como para compreender o papel desempenhado pelas diferentes espécies que as compõem. Neste estudo, avaliei como estão distribuídos globalmente os estudos sobre frugivoria em áreas urbanas, como estão estruturadas as redes de interação frugívoros-plantas, e se a diversidade funcional de plantas e aves afetam a estrutura dessas redes. Avaliei também se as características dos frutos consumidos por aves difere entre cidades de ambientes tropicais, subtropicais e temperados. Para responder a essas questões, realizei uma busca bibliográfica por estudos sobre frugivoria em ambientes urbanizados. Encontrei 88 estudos, mas somente 12 deles abordaram a escala de comunidades, e foram em sua maioria realizados no Brasil. O hábito arbóreo foi o mais frequente (56,6%) nas espécies consumidas por frugívoros, e predominou nas zonas tropical e subtropical, enquanto a zona temperada apresentou maior frequência de ervas (13,1%). Arvoretas também foram mais comuns nos trópicos. Quanto à origem, as espécies nativas (58,4%) foram menos frequentes na zona temperada, enquanto as exóticas (33,8%) foram mais comuns nessa região. Drupas (33,1%) e bagas (27,1%) foram mais frequentes nos trópicos e subtrópicos, enquanto aquênios (14,1%) predominaram na zona temperada. O comprimento e a largura dos frutos também variaram entre zonas, de modo que frutos,pequenos foram mais comuns em zonas subtropicais e temperadas, enquanto frutos grandes foram mais frequentes na zona tropical. No entanto, sua coloração não diferiu significativamente entre essas regiões climáticas. Dentre as dez redes de interação analisadas, somente uma apresentou estrutura modular, e seis redes apresentaram estrutura aninhada. A Riqueza Funcional das plantas e frugívoros foi em geral baixa, enquanto a Uniformidade Funcional e a Divergência Funcional apresentaram valores mais elevados, principalmente para plantas. Dentre as espécies de plantas mais centrais nas redes (maiores valores de centralidade por intermediação e centralidade por proximidade) estão as plantas Ligustrum sinense, Castila tunu, Inga laurina, Syzygium cumini, e as aves Ramphocelus carbo e Thraupis sayaca. Embora a maioria dos estudos se concentre em zonas tropicais, ainda existem lacunas significativas em áreas urbanas de ecossistemas como a Amazônia e a Caatinga. Regiões como a Afro-tropical e Indo-malaia também carecem de pesquisas sobre frugivoria em ambientes urbanos. As variações nos atributos das plantas entre zonas climáticas refletem adaptações às condições ambientais locais e moldam a diversidade funcional. A estrutura aninhada observada na maioria das redes indica uma simplificação ecológica, favorecendo espécies generalistas em ambientes urbanos. Apesar das espécies exóticas serem o principal recurso e atrair os frugívoros de algumas cidades (apresentam alta centralidade), esse resultado é preocupante pois o uso de plantas exóticas como recurso pode interferir na dispersão de espécies nativas. A diversidade funcional não influenciou significativamente a estrutura das redes, o que pode estar relacionado à diferenças no grau de urbanização e sazonalidade das cidades avaliadas, bem como da variação no esforço amostral entre os estudos. Os resultados deste trabalho reforçam a importância de expandir os estudos sobre frugivoria para áreas pouco amostradas e indica a homogeneização das interações ecológicas em contextos urbanos.
Abstract: Frugivory refers to the consumption of fruit by animals that can serve as seed dispersers, transporting diaspores away from the parent plant, thus characterizing a mutualistic interaction. Landscape changes caused by urbanization affect biodiversity, leading some species to disappear while others may become more common, with consequences for the ecological interactions they participate in. The network approach is often applied to understand the structure and functioning of community-scale interactions, as well as to understand the role played by the different species that make them up. In this study I assessed how studies on frugivory in urban areas are distributed globally, how frugivore-plant interaction networks are structured, and whether the functional diversity of plants and birds affects the structure of these networks. I also assessed whether the characteristics of the fruit consumed by birds differ among cities in tropical, subtropical and temperate environments. To address these questions, I conducted a literature review of studies on frugivory in urbanized environments. I found 88 studies, but only 12 of them addressed the scale of communities, and most of these were conducted in Brazil. The arboreal habit was the most frequent (56.6%) in the species consumed by frugivores, and predominated in the tropical and subtropical zones, while the temperate zone showed a higher frequency of herbs (13.1%). Treelets were also more common in the tropics. In terms of origin, native species (58.4%) were less frequent in the temperate zone, while exotic species (33.8%) were more common. Drupes (33.1%) and berries (27.1%) were more frequent in the tropics and subtropics, while achenes (14.1%) predominated in the temperate zone. Fruit length and width also varied across zones, with smaller fruits being more common in subtropical and temperate regions, whereas larger fruits predominated in the tropical zone. However, their color did not differ significantly between zones. Among the ten interaction networks analyzed, only one had a modular structure, and six networks had a nested structure. The Functional Richness of plants and frugivores was in general low, while Functional Uniformity and Functional Divergence showed higher values, mainly for plants. Among the most central plant species in the networks (highest values of betweenness centrality and closeness centrality) are the plants Ligustrum sinense, Castila tunu, Inga laurina, Syzygium cumini and the birds Ramphocelus carbo and Thraupis sayaca. Although most studies focus on tropical zones, there are still significant gaps in urban areas of ecosystems such as the Amazon and the Caatinga. Regions such as the Afro-tropics and Indo-Malaysia also lack research on frugivory in urban environments. Variations in plant attributes between climatic zones reflect adaptations to local environmental conditions and shape functional diversity. The nested structure observed in most networks indicates ecological simplification, favoring generalist species in urban environments. Although exotic species are important in some urban environments because they are the main resource and attract frugivores, an excess of exotic plants can interfere with the dispersal of native species. Functional diversity did not significantly influence network structure, which may be related to differences in the degree of urbanizations and seasonality of the evaluated cities, as well as variation in sampling effort among studies. Results of this work reinforces the importance of expanding studies on frugivory to undersampled areas and indicate the homogenization of ecological interactions in urban contexts.
Palavras-chave: 123
País: Brasil
Editor: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sigla da Instituição: UFMS
Tipo de acesso: Acesso Restrito
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/12581
Data do documento: 2025
Aparece nas coleções:Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação

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