Relacionamento afetivo-sexual: concepções, experiências e expectativas de adolescentes e jovens infectados com hiv, por transmissão vertical, em Campo Grande, MS

Abstract

Com o surgimento da terapia antirretroviral combinada (TARV) e a disponibilização de marcadores biológicos, para o monitoramento de progressão, como CD4 e carga viral, mudou o status da infecção pelo HIV para caráter crônico evolutivo e potencialmente controlável. Esses avanços contribuíram para o aumento do tempo de vida das pessoas com HIV. Isso possibilitou que a primeira geração de pessoas infectadas por transmissão vertical fosse beneficiada e contribuiu para que hoje esteja com mais de quinze anos. Este estudo objetivou caracterizar as concepções, experiências, enfrentamentos e expectativas nos primeiros relacionamentos afetivo-sexuais de adolescentes e jovens HIV infectados por transmissão vertical. Participaram 16 adolescentes e jovens (15-22 anos), entrevistados individualmente em dois ambulatórios especializados em doenças infecciosas e parasitárias, ambos de administração pública e localizados em Campo Grande - MS. Trata-se de estudo qualitativo, analisado com o método do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), baseado na teoria das representações sociais. Os participantes apresentaram suas concepções sobre modo de seleção de seus parceiros, relacionamentos homoafetivos e critérios morais utilizados para diferenciar as pessoas com as quais devem se relacionar afetivamente. Revelaram, também, suas experiências de preconceito em decorrência da condição positiva para HIV em vários ambientes, e descreveram os locais dos encontros amorosos, bem como as experiências amorosas em si. O medo de ser rejeitado, pela condição sorológica, e o de transmitir o HIV permeia as várias formas de enfrentamento nos relacionamentos hetero e homoafetivos, incluindo a estratégia utilizada para revelar a soropositividade ao parceiro e a motivação para adesão ao tratamento e o uso de preservativo. Eles esperam se casar e ter filhos soronegativos.

ABSTRACT - With the advent of combination antiretroviral therapy (ART) and the availability of biological markers for the progression of monitoring such as CD4 and viral load, changed the status of HIV infection for chronic evolutionary character and potentially controllable. These advances contributed to the increase in the life span of people with HIV. This enabled the first generation of people infected by vertical transmission were benefited and contributed to today is more than fifteen years. This study aimed to characterize the ideas, experiences, confrontations and expectations in the first affective-sexual relationships of adolescents and young HIV infected by vertical transmission. Participated in 16 adolescents and youth (15-22 years), interviewed individually in two specialized clinics in infectious and parasitic diseases, both public administration and located in Campo Grande - MS. It is a qualitative study, analyzed with the Collective Subject Discourse (CSD) method, based on the theory of social representations. Participants presented their views on the selection of its partners in order, homosexual relationships and moral criteria used to distinguish people with whom should relate affectively. Also revealed their prejudice experiences due to the positive condition for HIV in various environments, and described the sites of dating and the love experiences itself. The fear of being rejected by HIV status, and to transmit HIV permeates the various ways of coping in heterosexual and homosexual relationships, including the strategy used to reveal the HIV status to partner and motivation for treatment adherence and condom use . They hope to get married and have children seronegative.