Obrigatoriedade escolar e modernidade: uma análise dos discursos sobre a escolarização em Mato Grosso

Abstract

A frequência escolar obrigatória é um fato no Brasil e na maioria dos países e a população entende isso como natural. Por essa razão, o objetivo deste trabalho é problematizar a concepção que entende a frequência escolar como algo inerente a natureza humana e não como uma prática cultural. Conforme a noção de problematização e da análise dos discursos, como propostas por Michel Foucault, procuramos em jornais antigos do Estado de Mato Grosso, enunciados que pudessem mostrar como a obrigatoriedade escolar se estabeleceu no campo discursivo como uma prática hegemônica. Percebemos que os discursos modernos de melhoramento social e autocorreção social foram centrais para a constituição da obrigatoriedade escolar enquanto prática. Concluímos, contudo, que embora hegemônicos, os laços discursivos que sustentam a escolarização enquanto necessária à existência, não são assim tão fortes quanto parecem, pois as práticas políticas e pedagógicas geralmente destoam de seus propósitos e simultaneamente reproduzem interesses da sociedade diferentes daqueles originalmente propostos para escola.

ABSTRACT - The compulsory school attendance is a fact in Brazil and in most countries and the population understands it like natural. For that reason, the objective of this study is to problematize the conception that understands the school attendance as inherent in human nature and not as a cultural rule. According to the notion of problematization and the discourse analysis, as proposed by Michel Foucault, we searched in antique newspapers from State of Mato Grosso, enunciations that could show as the compulsory education was established inside discursive area as a hegemonic rule. We realized that the modern discourse of social improvement and social self-correction was central to the constitution of compulsory education as a practice. We concluded, however, that although hegemonic, the discursive links that support the scholarization while necessary to existence, are not so strong as they seem, because the political and pedagogical usually clash of its purposes and simultaneously reproduce society interests different from those originally proposed for school.