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Tipo: Tese
Título: Efeitos da ingestão de extrato hidroacetônico de Maytenus ilicifolia e hidroetanólico de Achyrocline alata em ratas prenhes e seus fetos
Autor(es): Laura, Andréa Luiza Cunha
Primeiro orientador: Siqueira, João Máximo de
Resumo: No Brasil, as plantas medicinais têm assumido crescente importância como um recurso terapêutico alternativo muito útil nos programas de atenção primária de saúde. Entre as plantas mais solicitadas pela população de Campo Grande (MS) aos raizeiros e/ou por eles indicadas, têm-se Maytenus ilicifolia (Espinheira-santa) e Achyrocline alata (Jataí-kaá). Apesar de serem amplamente utilizadas, não há trabalhos que atestem a sua seguridade em relação às gestantes. Dessa forma, objetivou-se avaliar o risco toxicológico da exposição aos extratos hidroacetônico de M. ilicifolia e hidroetanólico de A. alata no sistema reprodutivo de ratas Wistar e em seus fetos, a fim de verificar a segurança das doses preconizadas e utilizadas na medicina popular. Para tanto, foram realizados dois experimentos. No experimento com M. ilicifolia (EMI), ratas prenhes foram distribuídas em quatro grupos experimentais (dois grupos controles e dois grupos tratados). Os grupos foram submetidos ao seguinte esquema de tratamento: Grupo Controle 1 (C1): receberam, via gavage, 0,5 mL de água filtrada do 1º ao 20º dia de prenhez (DP); Grupo Tratado 1 (T1): receberam, via gavage, extrato seco de M. ilicifolia (15,1 mg/kg de peso corpóreo) dissolvido em 0,5 mL/dia de água filtrada do 1º ao 20º DP; grupos Controle 2 (C2) e Tratado 2 (T2) receberam, respectivamente, as mesmas substâncias administradas aos dois primeiros grupos, alterando-se apenas o tempo de exposição, que foi do 6º ao 15º DP. O experimento com A. alata (EAA) foi executado de forma idêntica ao de M. ilicifolia (EMI), alterando-se apenas a dosagem administrada aos animais que foi de 3,9 mg/kg de peso corpóreo. O protocolo para uso de animais em experimentação (nº 115/2006) foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFMS. No 20º DP, as ratas (EMI e EAA) foram submetidas à eutanásia e laparotomia, os ovários, útero, órgãos maternos (baço, fígado e rins), fetos e placentas foram retirados, pesados e avaliados externamente para verificar possíveis distúrbios referentes à cor, ao tamanho, à textura e à presença de cistos. Contou-se o número de corpos lúteos, fetos vivos e/ou mortos e reabsorções embrionárias. A partir desses dados foram calculados os parâmetros relativos à fertilidade (razão sexual, índice placentário, viabilidade fetal e as taxa de eficiência de implantação, reabsorção e perdas pré e pós-implantação). Os fetos foram divididos em grupos para as análises esquelética, visceral e histológica. Para a comparação dos resultados quantitativos foram utilizados testes paramétricos e não paramétricos (ANOVA e Kruskal-Wallis), conforme a natureza de distribuição dos dados. Após a detecção de diferenças pela ANOVA e pelo Teste de Kruskal-Wallis foi utilizado o teste de comparação múltipla de Tukey e Dunn, respectivamente. Os dados qualitativos e as freqüências obtidas tiveram a ninhada utilizada como unidade-base. Em todos os casos, quando p 0,05, a diferença foi considerada estatisticamente significativa. No EMI e EAA, quando os grupos experimentais foram comparados quanto: 1) aos sinais clínicos de toxicidade - não foram registradas mortes maternas, eriçamento dos pêlos corporais, alteração da deambulação e diarréia; 2) alterações de peso corpóreo - o acompanhamento diário da evolução gestacional demonstrou que não houve diferenças significativas quanto ao peso corpóreo (PC), ganho de peso (GP) e ganho de peso líquido (GPL), indicando gestação normal sem efeito dos tratamentos; 3) alterações no consumo de alimento e água – os indícios de toxicidade de M. ilicifolia e A. alata no período de organogênese (consumo de água e ração) e durante todo período gestacional (consumo de ração) parecem ter sido transitórios, uma vez que não foi constatada diferenças quanto a PC, GP e GPL; 4) peso absoluto (PA) e relativo (PR) de fígado, ovários, rins e útero materno com fetos e sem fetos – os resultados foram similares; 5) desempenho reprodutivo materno e desenvolvimento embrionário - os resultados para tamanho dos fetos, assim como seu peso corpóreo e de suas placentas, índice placentário e taxas (implantação, perdas pré e pós-implantação, reabsorção e viabilidade fetal) encontravam-se semelhantes entre os grupos, sendo assim, os tratamentos não alteraram as condições fisiológicas e intra-uterinas relacionadas com a reprodução e desenvolvimento embrio-fetal; 6) análise macroscópica dos órgãos maternos (baço, fígado e rins) - não revelou nenhuma alteração; 7) variações esqueléticas e viscerais nos fetos – foram variantes do normal e possivelmente regrediriam caso a gestação chegasse a termo e/ou no período pós-natal; 8) análise microscópica dos fetos – não apresentou efeitos teratogênicos. Considerando o EMI: 1) 6º ao 15º DP e 1º ao 20º DP - não provocou alterações anátomo-histológicas no fígado materno; não causou efeitos tóxicos ou alterações morfológicas na placenta das ratas; 2) 1º ao 20º DP – apresentou efeitos citotóxicos maternos no baço e rins; alterações fetais no fígado, hemoperitônio e vasos da derme. Considerando o EAA: 1) 6º ao 15º DP e 1º ao 20º DP - não provocou alterações anátomo-histológicas no fígado e rins maternos; não provocou alterações nas células fetais do fígado, região peritoneal e derme; 2) 1º ao 20º DP - apresentou efeitos citotóxicos maternos no baço e processo inflamatório agudo com concentração de infiltrados de neutrófilos ao redor e na decídua basal das placentas (face materna) do grupo T1 (mais intenso) e C2. No EMI e EAA não foram registradas mortes maternas e fetais, assim como desvio da proporção esperada de 1:1 para razão sexual. Sendo assim, M. ilicifolia e A. alata não afetaram os processos de organogênese e diferenciação sexual dos fetos, ou seja, não são teratogênicas. Os resultados obtidos não excluem a possibilidade de toxicidade humana durante a gestação. O uso como medicamento deve ser previamente validado cientificamente na espécie humana, como qualquer outro medicamento. A utilidade medicamentosa na gestação deve ser fundamentada em evidências experimentais comprobatórias. Portanto, é preciso cautela, os efeitos da exposição nos organismos materno e fetal, devem ser considerados, respeitandose a complexidade farmacológica e as possíveis transformações que se impõe a unidade materno/placentária/fetal.
Abstract: No Brasil, as plantas medicinais têm assumido crescente importância como um recurso terapêutico alternativo muito útil nos programas de atenção primária de saúde.
In Brazil, the medicinal plants have assumed increasing importance as a resource very useful therapeutic alternative in the programs of primary health care. Among the plants most requested by the population of Campo Grande to salespeople and / or indicated by them, have Maytenus ilicifolia and Achyrocline alata. Despite being widely used, there are no papers attesting its safety in relation to pregnant women. Thus, in this work the aim was to evaluate the toxicological risk of exposure to hydroacetonic dry extract of M. ilicifolia and hydroethanolic of A. alata in the reproductive system of rats (Rattus norvegicus) and their fetuses in order to verify the safety of in the dose recommended and used in folk medicine. To this purpose, two experiments were carried out. In the experiment with M. ilicifolia (EMI), pregnant rats were distributed into four experimental groups (two control groups and two treated groups). Both groups underwent the following treatment schedule: Group Control 1 (C1) received, by gavage, 0.5 mL of filtered water from the 1st to 20th day of pregnancy (DP), the Group 1 (T1) received by gavage, dry extract of M. ilicifolia (15.1 mg / kg body weight) dissolved in 0.5 mL / day of filtered water from the 1st to the 20th DP, the control group 2 (C2) and the treated 2 (T2) received, respectively, the same as those given to first two groups, changing only the exposure time, which was the 6th to the 15th DP. The experiment with A. alata (EAA) was performed identically to that of M. ilicifolia (EMI) changing only the dosage administered to animals was 3.9 mg / kg of body weight. The protocol for animal use in experimentation (No 115/2006) was approved by the Ethics Committee of UFMS. In the 20th DP, the rats (EMI and EAA) were subjected to euthanasia and laparotomy, the ovaries, uterus, maternal organs (spleen, liver and kidneys), fetuses and placentas were removed, weighed and assessed externally to investigate possible disturbances related to color, size, texture and the presence of cysts. We counted the number of: lutea, live fetuses and / or resorptions and dead cells. From these data we calculated the parameters for fertility (sex ratio, placental index, fetal viability and the rate of: implantation efficiency, turnover and loss pre-and post-deployment). The fetuses were divided into groups for the analysis of skeletal, visceral and histology. For comparison of the quantitative tests were used parametric and non parametric (ANOVA and Kruskal-Wallis), depending on the type of data distribution. After the detection of differences by ANOVA and the Kruskal-Wallis test was used for multiple comparisons and Dunn's test, respectively. Qualitative data obtained and the frequencies have the litter used as base unit. In all cases, when p 0.05, the difference was considered statistically significant. In EMI and EAA, when the experimental groups were compared for: 1) clinical signs of toxicity - no maternal deaths were recorded, erection of body hair, abnormal walking and diarrhea; 2) changes in body weight - the daily monitoring of gestational development showed no significant differences in body weight (BW), weight gain (WG) and net weight gain (NPG), indicating normal pregnancy without treatment effect; 3) changes in food consumption and water - the evidence of toxicity of M. ilicifolia and A. alata during organogenesis (water consumption and diet) and throughout the gestational period (intake) appear to be transient, since we found no differences in BW, WG and NPG; 4) absolute weight (BP) and relative (RP) of liver, ovaries, kidneys and uterus with fetuses and fetuses without - the results were similar; 5) maternal reproductive performance and embryo development - the results for size of the fetus, as well as their body weight and their placentas, and placental index rates (implantation losses before and after implantation, fetal resorption and viability) were similar between groups, so the treatments did not alter the physiological conditions and intrauterine related with reproduction and embryo-fetal development; 6) macroscopic analysis of maternal organs (spleen, liver and kidneys) - revealed no changes; 7) visceral and skeletal variations in fetuses - were variants of normal and possibly regress if the pregnancy came to term and/or the postnatal period; 8) microscopic analysis of the fetus – did not show teratogenic effects. Whereas EMI: 1) 6th to 15th DP and 1s t to 20th DP - did not alter anatomic lesions in maternal liver, does not cause toxic effects or alterations in the placenta of rats, 2) 1st to 20th DP - showed cytotoxic effects on maternal spleen and kidneys, fetal liver, hemoperitoneum and vessels of the dermis. Considering the EAA: 1) 6th to 15th DP and 1st to 20th DP - do not alter anatomic lesions in maternal kidneys and livers, no change in fetal liver cells, peritoneal region and dermis, 2) 1st to 20th DP - showed cytotoxic effects on maternal spleen and acute inflammatory process with a concentration of neutrophil infiltration around and in the placentas basal decidua (maternal side) in group T1 (most intense) and C2. In the EMI and EAA were not recorded maternal deaths and stillbirths, as well as deviation from expected ratio of 1:1 for sex ratio. Thus, M. ilicifolia and A. alata did not affect the processes of organogenesis and sexual differentiations of the fetus, i.e., are not teratogenic. The results do not exclude the possibility of human toxicity during pregnancy. The use as a medicine must first be scientifically validated in humans, like any other medicine. The drug use during pregnancy should be based on experimental evidence showing this evidence. Therefore, caution is needed, the effects of exposure in maternal and fetal bodies, should be considered, respecting the complexity and possible pharmacological changes which requires a mother/placenta/fetal development.
Palavras-chave: Achyrocline
Teratogênese
Maytenus
Plantas Medicinais
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1659
Data do documento: 2009
Aparece nas coleções:FAMED - Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste
Programa de Pós-graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste

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