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https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/13755| Tipo: | Dissertação |
| Título: | DOCÊNCIAS LGBTIAPN+ NA EDUCAÇÃO BÁSICA: PERSPECTIVAS, DESAFIOS E ENFRENTAMENTOS NO CONTEXTO DE TRÊS LAGOAS- MS |
| Autor(es): | BRUNO HENRIQUE ALMEIDA DA SILVA |
| Primeiro orientador: | Christian Muleka Mwewa |
| Resumo: | A pesquisa está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGEdu/CPTL/UFMS), à linha de pesquisa Educação, Diversidade e Infância, e ao Projeto Integrado de Pesquisa EduForP (Grupo de Pesquisas Formação e Cultura na Sociedade Contemporânea) (UFMS/CNPq), desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, em Três Lagoas/MS. A presente dissertação tem como tema Docências LGBTIAPN+ na Educação Básica: Perspectivas, Desafios e Enfrentamentos no Contexto de Três Lagoas/MS, cujo objetivo geral é investigar se professores e professoras que se identificam como pertencentes à comunidade LGBTIAPN+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais, assexuais e pansexuais), na rede municipal de ensino de Três Lagoas/MS, enfrentam barreiras e discriminações estruturais em razão de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero e como isso impacta sua prática docente e o ambiente escolar. A pesquisa pretende refletir sobre a importância da representatividade para essas pessoas na percepção de seus papéis e comportamentos e sobre como isso interfere no contexto educacional. Para tanto, a metodologia utilizada foi a história oral, compreendida aqui na perspectiva proposta por Santos (2005), que reconhece os depoimentos como produções de memória atravessadas por afetos, silêncios e significados. A escolha metodológica que sustenta este estudo não parte de uma neutralidade técnica, mas de um posicionamento ético e político diante do objeto investigado. Diante da complexidade que envolve a vivência docente de sujeitos LGBTIAPN+, optou-se por um caminho qualitativo, que privilegia a escuta aprofundada e o olhar atento às camadas simbólicas que atravessam o cotidiano escolar. O percurso adotado estrutura-se como um estudo de caso com recorte etnográfico, considerando que a escola é mais que um espaço físico: é território de disputa, de construção de identidades e também de silenciamentos. O interesse não reside apenas em descrever fatos, mas em compreender os sentidos produzidos nas relações que se estabelecem no interior das práticas educativas. A construção empírica da pesquisa deu-se por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com quinze docentes que se identificaram como LGBTIAPN+ e atuam na rede municipal de ensino de Três Lagoas/MS. A escuta desses profissionais foi concebida não como mera técnica de coleta ou extração de informações, mas como prática ética e política de aproximação. Considerou-se que os sujeitos da pesquisa carregam trajetórias marcadas por disputas identitárias, resistências e, talvez, muitas vezes, silenciamentos institucionais. Assim, foi fundamental criar um espaço em que suas vozes pudessem emergir em sua complexidade, sem reduzir suas experiências a categorias préestabelecidas. Inspirada nas perspectivas da pesquisa qualitativa em educação, a entrevista foi entendida como um encontro dialógico, no qual pesquisador e participantes constroem sentidos conjuntamente. Tal postura buscou assegurar que as narrativas docentes se manifestassem com autonomia, densidade e singularidade, reconhecendo a potência de cada fala não apenas como dado empírico, mas como expressão de vivências que interpelam a escola e a própria sociedade. Para alcançar o objetivo proposto, recorreu-se às referências teóricas de Judith Butler (2001), que fornece um aporte fundamental ao conceber o gênero como performatividade, desnaturalizando as categorias binárias que organizam a experiência escolar. Guacira Lopes Louro (2007), ao tensionar o currículo e os silenciamentos impostos às sexualidades dissidentes, amplia a reflexão sobre o papel da escola na reprodução — e também na possível ruptura — da heteronormatividade. Michel Foucault (1988), com suas contribuições sobre os dispositivos de saber-poder, oferece subsídios para compreender como os discursos que circulam na instituição escolar operam na regulação dos corpos e na manutenção de hierarquias. Daniel Borillo (2010), ao tratar da homofobia como estrutura social e política, e Berenice Bento (2014), ao abordar as violências simbólicas sobre os corpos transgressivos, completam o arcabouço teórico queorienta a leitura crítica dos dados produzidos. Longe de oferecer dados “brutos”, as narrativas coletadas revelaram marcas da exclusão, estratégias de sobrevivência e a complexidade de existir enquanto docente dissidente em espaços ainda fortemente normativos. A análise das narrativas foi conduzida em diálogo com autores que problematizam as relações entre identidade, norma e poder no campo educacional. Nesse horizonte, as narrativas revelaram a predominância de determinados marcadores identitários — como homens gays, mulheres lésbicas e a presença de uma docente transexual — cuja atuação adquire forte valor simbólico e pedagógico. As experiências relatadas evidenciam situações recorrentes de preconceito, resistências institucionais e uma representatividade percebida como parcial ou ausente. Ao mesmo tempo, apontam para a centralidade da visibilidade docente LGBTIAPN+ como elemento formador e para as estratégias de resistência mobilizadas no cotidiano escolar. Esses aspectos reforçam a necessidade de políticas educacionais que ultrapassem ações pontuais, avançando na direção de práticas estruturantes, de formação continuada e de valorização efetiva da diversidade. |
| Abstract: | This research is linked to the Postgraduate Program in Education at the Federal University of Mato Grosso do Sul (PPGEdu/CPTL/UFMS), to the research line Education, Diversity and Childhood, and to the Integrated Research Project EduForP (Research Group on Training and Culture in Contemporary Society) (UFMS/CNPq), developed at the Federal University of Mato Grosso do Sul – UFMS, in Três Lagoas/MS. This dissertation focuses on LGBTIAPN+ Teaching in Basic Education: Perspectives, Challenges, and Confrontations in the Context of Três Lagoas/MS, with the general objective of investigating whether teachers who identify as belonging to the LGBTIAPN+ community (lesbians, gays, bisexuals, transvestites, transsexuals, intersex, asexuals, and pansexuals) in the municipal education network of Três Lagoas/MS face structural barriers and discrimination due to their sexual orientation and/or gender identity, and how this impacts their teaching practice and the school environment. The research aims to reflect on the importance of representation for these individuals in the perception of their roles and behaviors, and how this interferes in the educational context. To this end, the methodology used was oral history, understood here from the perspective proposed by Santos (2005), which recognizes testimonies as productions of memory traversed by affections, silences, and meanings. The methodological choice underpinning this study does not stem from technical neutrality, but from an ethical and political stance towards the object of investigation. Given the complexity involved in the teaching experience of LGBTIAPN+ individuals, a qualitative approach was chosen, prioritizing in-depth listening and attentive observation of the symbolic layers that permeate daily school life. The adopted path is structured as a case study with an ethnographic focus, considering that the school is more than a physical space: it is a territory of dispute, of identity construction, and also of silences. The interest lies not only in describing facts, but in understanding the meanings produced in the relationships established within educational practices. The empirical construction of the research was carried out through closed, semi-structured interviews with fifteen teachers who identified as LGBTIAPN+ and work in the municipal education network of Três Lagoas/MS. Listening to these professionals was conceived not as a mere technique for collecting or extracting information, but as an ethical and political practice of rapprochement. It was considered that the research subjects carry trajectories marked by identity disputes, resistance, and perhaps, often, institutional silences. Thus, it was essential to create a space in which their voices could emerge in their complexity, without reducing their experiences to pre-established categories. Inspired by the perspectives of qualitative research in education, the interview was understood as a dialogical encounter, in which researcher and participants jointly construct meanings. This stance sought to ensure that the teachers' voices were expressed with autonomy, density, and singularity, recognizing the power of each speech not only as empirical data, but as an expression of experiences that challenge the school and society itself. To achieve the proposed objective, we resorted to the theoretical references and accounts of Judith Butler (2001), who provides a fundamental contribution by conceiving gender as performativity, denaturalizing the binary categories that organize the school experience. Guacira Lopes Louro (2007), by challenging the curriculum and the silences imposed on dissident sexualities, broadens the reflection on the role of the school in the reproduction—and also in the possible rupture—of heteronormativity. Michel Foucault (1988), with his contributions on the devices of knowledge-power, offers subsidies to understand how the discourses circulating in the school institution operate in the regulation of bodies and the maintenance of hierarchies. Daniel Borillo (2010), in addressing homophobia as a social and political structure, and Berenice Bento (2014), in addressing symbolic violence against transgressive bodies, complete the theoretical framework that guides the critical reading of the data produced. Far from offering “raw” data, the information collected revealed marks of exclusion, survival strategies, and the complexity of existing as a dissident teacher in still strongly normative spaces. The analysis of the interviews was conducted in dialogue with authors who problematize the relationships between identity, norm, and power in the educational field. Within this context, the responses revealed the predominance of certain identity markers—such as gay men, lesbian women, and the presence of a transgender teacher—whose work acquires strong symbolic and pedagogical value. The experiences reported highlight recurring situations of prejudice, institutional resistance, and a perceived partial or absent representation. At the same time, they point to the centrality of LGBTIAPN+ teacher visibility as a formative element and to the resistance strategies mobilized in daily school life. These aspects reinforce the need for educational policies that go beyond isolated actions, moving towards structuring practices, ongoing training, and the effective valuing of diversity. |
| Palavras-chave: | LGBTIAPN+. LGBTfobia. Professores/as. Educação. |
| País: | Brasil |
| Editor: | Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul |
| Sigla da Instituição: | UFMS |
| Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
| URI: | https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/13755 |
| Data do documento: | 2025 |
| Aparece nas coleções: | Programa de Pós-Graduação em Educação (Câmpus de Três Lagoas) |
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