Onde se escondem as lésbicas? Um recorte do panorama do movimento lésbico brasileiro

Abstract

Este artigo objetiva debater sobre a visibilidade lésbica, considerando o quadro sociopolítico da segunda metade do século XX, buscando analisar as narrativas e os veículos comunicacionais que contam a história do movimento lésbico, seus silêncios, violências e sobretudo, os processos que marcaram seus discursos. Busca-se também evidenciar a construção de mecanismos de identidade e de atos políticos como materialidades de resistência lésbica, o que antes era diluído pelo “movimento homossexual”. Dessa forma, se reúnem debates da formação política, cultural, econômica e social lésbica, enfatizando as articulações que foram o estopim dos processos de reconhecimento e pertencimento de um movimento homossexual feminino específico, o Grupo Ação Lésbica Feminista (GALF). Deste modo, as fontes analisadas serão o Boletim ChanacomChana dos anos 1980 e a Revista Lampião de Esquina edição número 12 em 1979. Com as contribuições teóricas de Adrienne Rich, Monique Wittig, Tania Navarro-Swain, Patricia Lessa, e outras autoras; argumenta-se que falar do movimento lésbico brasileiro, que ainda se encontra pouco debatido e arcabouçado, consiste em rasgar o véu patriarcal que ainda consegue nos esconder; é fazer história por mulheres que não obtiveram a oportunidade de contar a delas. A pesquisa concluiu que ao narrar o movimento lésbico brasileiro, se reescreve a historicidade das identidades construídas por lésbicas na década de 1980 e sobretudo, se rompe com a marginalização, fortalecendo a resistência sapatão, construindo uma historiografia capaz de atender e representar identidades sexuais renegadas dentro do sistema patriarcal contemporâneo.