Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/11603
Tipo: Dissertação
Título: Aplicativos com foco na oralidade em língua inglesa: espaços para educação linguística e/ou reprodução da racionalidade neoliberal?
Autor(es): Davi Rodrigues
Primeiro orientador: Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro
Resumo: Ao longo dos últimos anos, devido à maior acessibilidade à internet e aos smartphones, o uso de aplicativos (apps) tem se intensificado, especialmente com fins de aprendizagem. Considerando também que o mundo virtual tem se integrado cada vez mais ao trabalho docente, pesquisas que se preocupam em investigar não só como se dá o processo de aprendizagem de línguas nos apps, mas também em refletir sobre seu uso em contexto de formação de professores tornam-se necessárias. Dessa maneira, o objetivo geral desta pesquisa é, a partir da observação e uso de dois aplicativos e das análises dos materiais coletados e gerados, que têm como foco desenvolver a habilidade oral de seus usuários, refletir e discutir sobre a oralidade, o uso de tecnologias digitais educacionais e a formação de professores de língua inglesa, problematizando também de que forma esses aspectos dialogam com a racionalidade neoliberal. Os específicos compreendem: a) discutir a(s) concepção(ões) de oralidade/speaking e de língua que emerge(m) dos aplicativos selecionados; b) discutir o papel do professor de línguas e da formação docente diante dos avanços tecnológicos em contexto neoliberal; c) refletir sobre o desenvolvimento da oralidade na formação de professores de língua inglesa, com base em pesquisas já realizadas, e em que aspectos o uso das tecnologias digitais pode ou não ser significativo nesse contexto. Para tanto, a pesquisa enquadrou-se no paradigma qualitativo de investigação (Denzin; Lincoln, 2006; Mattos; Jucá, 2022), seguindo também as metodologias de análise documental (Cellard, 2012; Sousa; Oliveira; Alves, 2021) e exploratória (Leffa, 2006; Raupp; Beuren, 2006). Adotei as considerações teóricas de Bakhtin (1981), Ferraz (2024) e Volóchinov (2018) sobre a concepção de língua; busquei também fundamentações em Brasil (2006), Ferraz (2024), Freire (1987), Monte Mor (2013; 2015), entre outros, para problematizar e discutir o conceito de ensino de línguas, para, então, debater sobre educação linguística (Cavalcanti, 2013; Ferraz, 2015; 2018; 2024; Menezes de Souza, 2019a). Ainda sobre o aporte teórico, recorri às discussões de diversos autores, quais sejam, Apple (2001); Biondo (2016; 2017); Dardot e Laval (2016); Ferraz (2015); Knobel e Kalman (2016); Laval (2004); Menezes de Souza (2019a); Monte Mor (2015, 2017); Signorini (2012), para articular criticamente as temáticas elencadas nos objetivos específicos: tecnologias digitais, neoliberalismo e formação de professores. A partir dessas referências, o percurso analítico privilegiou três aspectos a serem discutidos por meio dos dados coletados e gerados nos dois aplicativos: i) interface; ii) tipos de atividade e iii) feedback. Dos resultados, pude demonstrar de que forma a racionalidade neoliberal materializou-se em ambos os apps selecionados, dos quais elenco a seguir: na maneira como as interfaces foram desenvolvidas, de modo a configurar um espaço de comercialização, estimulando também a competição e a individualidade por meio da integração do sistema gamificado. A partir também dos tipos de atividades disponíveis a perspectiva neoliberal também foi observada, manifestando uma concepção de educação voltada para o desenvolvimento e aquisição de técnicas/habilidades/competências que focam na performance do usuário e aferem valor a ele enquanto sujeito, tal como um/a empreendedor/empresa de si mesmo (Mariutti, 2019; Szundy, 2019). Ademais, essa relação também foi evidenciada por meio do feedback fornecido pelos dois softwares, que assumia uma perspectiva julgadora (Kalantzis; Cope; Pinheiro, 2020), quantitativa e que atribuia juízo de valores, negativos ou positivos, a depender da desempenho do estudante da língua alvo comparada a de um “falante nativo”. Ao longo do percurso analítico, argumentei a favor da adoção de uma postura crítica em relação às ferramentas digitais educacionais, que os envolvidos passem a considerá-las produtos de um tempo que dialogam com a ideologia mercadológica, que, por sua vez, subverte a concepção de educação (Apple, 2001; Laval, 2004), afastando-a de seu propósito social e crítico (Freire, 1987; Ferraz, 2024), perspectiva sustentada neste trabalho.
Abstract: In recent years, due to greater accessibility to the internet and smartphones, the use of apps has intensified, especially for learning purposes. Considering also that the virtual world has become increasingly integrated into teaching work, research that is concerned with investigating not only how the language learning process takes place in apps, but also with reflecting on their use in the context of teacher training, is becoming necessary. Thus, the main objective of this research is to reflect on and discuss orality, the use of digital educational technologies, and the training of English language teachers, based on the observation and use of two apps and the analysis of the materials collected and generated, which focus on developing the oral skills of their users, also problematizing how these aspects dialogue with the neoliberal rationality. The specifics include: a) discussing the conception(s) of orality/speaking and language that emerge from the selected applications; b) discussing the role of the language teacher and teacher training in the face of technological advances in a neoliberal context; c) reflecting on the development of orality in the training of English language teachers, based on research already carried out, and in what aspects the use of digital technologies may or may not be significant in this context. To this end, the research was based on the qualitative paradigm of investigation (Denzin; Lincoln, 2006; Mattos; Jucá, 2022), also following the methodologies of documentary analysis (Cellard, 2012; Sousa; Oliveira; Alves, 2021) and exploratory analysis (Leffa, 2006; Raupp; Beuren, 2006). We adopted the theoretical considerations of Bakhtin (1981), Ferraz (2024), and Volóchinov (2018) on the conception of language; I searched theoretical basis in Brasil (2006), Ferraz (2024), Freire (1987), Monte Mor (2013; 2015), among others, to problematize and discuss the concept of language teaching, to then discuss language education (Cavalcanti, 2013; Ferraz, 2015; 2018; 2024; Menezes de Souza, 2019a). Furthermore, we consulted the discussions of various authors, such as Apple (2001); Biondo (2016; 2017); Dardot and Laval (2016); Ferraz (2015); Knobel and Kalman (2016); Laval (2004); Menezes de Souza (2019a); Monte Mor (2015, 2017); Signorini (2012), to critically articulate the themes listed in the specific objectives: digital technologies, neoliberalism and teacher training. Based on these references, the analytical path privileged three aspects to be discussed through the data collected and generated in the two applications: i) interface; ii) types of activity, and iii) feedback. Regarding the findings, we were able to demonstrate how neoliberal rationality materialized in both of the selected apps, which I will list below: in the way the interfaces were developed, configuring a commercialization space, and stimulating competition and individuality through the integration of the gamified system. The neoliberal perspective was also observed in the types of activities available, manifesting a conception of education focused on the development and acquisition of techniques/skills/competencies that focus on the user's performance and attribute value to them as a subject, such as an entrepreneur of themselves (Mariutti, 2019; Szundy, 2019). In addition, this relationship was also evidenced through the feedback provided by the two software, which took on a judgmental (Kalantzis; Cope; Pinheiro, 2020), quantitative perspective and assigned negative or positive values, depending on the student's performance in the target language compared to a “native speaker”. Throughout the analytical process, I have argued in favor of adopting a critical stance concerning digital educational tools, so that those involved start to see them as products of a time that dialogue with market ideology, which, in turn, subverts the concept of education (Apple, 2001; Laval, 2004), distancing it from its social and critical purpose (Freire, 1987; Ferraz, 2024), a perspective supported in this work.
Palavras-chave: Mobile-learning
Formação de professores
Dispositivos móveis
País: Brasil
Editor: Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Sigla da Instituição: UFMS
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/11603
Data do documento: 2025
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